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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O banco

A greve dos bancários fez com que os problemas corriqueiros se tornassem mais evidentes.

E deixou a forte tercerização dos serviços bancários às claras. Suas consequências são manchetes de jornal:

"Assalto à lotérica"

"Senhora saca dinheiro no caixa eletrônica e é detida por passar nota falsa"

O uso das lotéricas como unidade bancária reduz filas, mas expõe todos os usuários a um risco bem maior que em um banco. A segurança de uma lotérica não é, nem de longe, similar a de um banco, mas suas movimentações são.

Além disso, o caixa de uma lotérica não é treinado para reconhecer notas e ainda assim tem de pagar possíveis prejuízos com seu salário de 700 pila. Um caixa de banco tem treinamento e recebe esse valor só para quebra de caixa, trabalha mais seguro e de forma mais qualificada.

Outra questão é a reposição dos valores das máquinas, serviço tercerizado em muitos bancos. Isso cria outro problema denunciado pela TV no período da greve: uma senhora sacou um valor na máquina e a nota era falsa! Claro que não foi um tesoureiro que a pôs lá!

Todos apóiam a redução dos custos e do pessoal bancário, mas ninguém percebe o quanto essas pessoas são importantes para garantir o bom andamento e a segurança de seus preciosos valores (afinal todo seu salário passa por lá!). Os jornais contas os fatos, mas não se preocupam em relatar suas causas, afinal isso interessa a quem? Por que os jornais não dizem nada e a população só reclama dos serviços bancários?
Por que esses serviços não são regulamentados de forma mais restrita e exigente?
Para onde vai todo o lucro gerado pelos bancos (inclusive os bancos públicos)?

Para o bolso da população e dos funcionários é que não.

domingo, 29 de agosto de 2010

A tribo contra a solidão

Sou de uma família tribal. Fazemos as coisas em grupo. Todos juntos.
Para mim, bicho que anda sozinho tá doente. O mesmo serve para gente. Tá. Podem tentar me convencer que às vezes é legal ficar só. Andar, espairecer, pensar. É. Mas isso é quando nem tudo vai bem e precisamos refletir mais detidamente. É meio deprê.
Legal é ter com quem conversar, para quem ler e comentar. Ter com quem tomar o chima e falar mal dos políticos. Ter com quem planejar, com quem discutir, de quem discordar. Poder trocar uma idéia, se sentir à vontade, aceito e respeitado. O grupo é fundamental nisso. Precisamos dos outros, sempre, mesmo que possamos viver sozinhos. (Eu desconfio que nem possa, pois, para mim, sempre ficar sozinha foi castigo.)
Fui filha única até os 8 anos de idade. Quase toda minha infância, portanto.
Meu pai tinha o péssimo hábito (ou não) de me deixar de castigo. E o castigo era sempre o mesmo: não poder brincar com as gurias. Logo, de castigo, eu estava sozinha.
Tá bem, eu sempre li de monte, escrevi um bocado e passei muitos dias da minha adolescência escutando música no escritório.
Mas eu lia muito com a Jacque (com quem trocava todos os livros e as inutilíssimas Capricho e Atrevida - cada uma comprava uma e trocávamos); eu ouvia mais músicas com o Mano, a Mariana e a Carla - com quem eu também cantava - tá certo que eu cantava baixinho e deixava a voz dela sobressair, e assim parecia que eu cantava melhor, mas com certeza era mais divertido.
Eu não sou, nem fui uma pessoa de muitos amigos. Eu falo pouco, sou tímida e certos grupos me envaretam - depois que envareto, fico muda e não acho mais oportunidade de falar- depois penso: merda! poderia ter dito isso ou aquilo, agindo assim, eu pareci uma idiota; mas na hora: nada - mudez absoluta. (Eu sempre me definindo e explicando...)
Mesmo assim, sempre convivi muito com meus amigos, muito mesmo. Tenho amigos para toooooooooodas as horas. Quase não fico sozinha. Demoro para arranjar um novo amigo, mas me apego que é uma desgraça. Não os perco nunca mais. Acho que nunca perdi um amigo, nem por distância, nem por briga, nem por morte. Tenho todos à mão. São minha tribo.
Por isso não entendo solitários, acho que estão doentes, se afastando para morrer como elefantes.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pressa

Por que motivo, razão ou circunstância tenho tanta pressa? Corro como uma desesperada o tempo todo. Vivo umas três vidas no tempo de uma só. Estudo, trabalho, trabalho mais, estudo para trabalhar e trabalho de graça e trabalho mais. E ando na rua como uma maratonista. Tenho pouco tempo. Malho, chego cedo, saio para almoçar longe, chego atrasada, fico até tarde e vou para casa e estudo. E ainda preciso fazer sempre mais. Nunca termino de fazer o melhor que posso, mas me consolo, pois ainda é bem melhor do que o melhor da maioria das pessoas. Mas ainda assim acho que não precisaria ter tanta pressa. Nem sei bem para onde ir, faço muita coisa que não contribui para mim e mesmo assim sigo fazendo muito de tudo e não sei se consigo chegar a algum lugar, pois não sei exatamente aonde quero chegar. Vou tentar não ter tanta pressa e pensar melhor.

domingo, 6 de junho de 2010

Lendo Clarice (Obviamente obrigada)

O segredo das coisas estava em que, manifestando-se, se manifestavam iguais a elas mesmas. p.71

O principal era mesmo não compreender. Nem sequer a própria alegria. p.96

O que era perigoso é que em nenhum instante houve erro. Porque era a primeira vez. E não se poderia repetir sem errar. p.90

(LISPECTOR, Clarice. A cidade sitiada)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pelo direito às lágrimas

Quero poder chorar. Quero poder gritar. Não quero ser polida e racional o tempo inteiro.
O que conseguimos com a revolução feminina?
O grande direito de termos de nos comportar como homens.

Coisa que não somos.

Dentre todas as mulheres que conheço, sou uma das menos choronas. Não choro por causa de comercial, novela, filme ou livro. Não choro por causa de cenas cruéis que o cotidiano nos oferece; mas quero poder chorar quando tiver vontade.

Não posso brigar com ninguém. Seja por raiva, ódio ou emoção. Me dá vontade de chorar. Chorar bastante. Principalmente quando brigo por algum motivo grave ou que pode causar graves conseqüências.
Sei lá por que motivo as pessoas tem medo de pessoas que choram. Chorar é normal, faz parte das reações normais das pessoas.

Estudando um pouco de crônicas do século passado, percebemos que as pessoas berravam, se descabelavam, estouravam de tanto chorar por qualquer motivo que parecesse plausível. Brigas com o namorado, separação, morte. Qualquer coisa era motivo justo para se descontrolar. (Se surpreendeu que a "morte" seja um bom motivo para o descontrole? Provavelmente. Afinal hoje em dia nem os velórios são bons lugares para o enlouquecimento. Temos de parecer resignados e comedidamente tristes. Só. Tudo sob medida.

Saco.

Vou chorar!!!! O quanto eu quiser! E quem quiser estar ao meu lado vai ter de agüentar.

domingo, 30 de maio de 2010

A propósito do aniversário da minha vó


Minha avó é um pequeno símbolo (e um símbolo pequeno) de como o politicamente correto não dá certo, pois ela é totalmente avessa a ele: ela dispara o que vem a mente para depois colocar as duas mãos sobre a boca, arregalar seus grandes olhos azuis e rir pela maldade proferida.
Ela poupa elogios - só os diz quando eles são verdadeiros e evidentes - e atira críticas como a metralhadora do Rambo; mas ela não é ranzinza como eu. Ela fala tudo de uma vez para quem tem de escutar e não resmunga mais nada sobre isso.
No alto de seus recém-completos 75 anos faz mais que muita moça de 20. Acorda às 6:30 e arruma, lava, passa e limpa até não aguentar mais esperar o vô levantar para tomar café. Lá pelas 9, ela o chama.
Comida ela não faz ou finge que não faz. Depois de 30 anos em sala de aula afirma (e quer que acreditem) que não sabe nada de história. Não sai muito. Acha tudo muito chato. Todavia, não pára de fazer amigos.
Hoje (06/04) quando disse que ia visitá-la, ela respondeu: alegria e água fria é o que teremos! E explicou que não estava esperando ninguém. Quando cheguei, tinham mais de 20 pessoas empilhadas em todas as peças do apartamento. Parentes, filhos, netos, sobrinhos, amigos antigos e novos todos foram prestigiá-la (e telefone não parou de tocar).
Disso só posso concluir que as pessoas não gostam do polido ou do politicamente correto, mas do autêntico e sincero, como é a minha vó.



Meu vô foi o único que tive, mas valeu por uns cinco. Pelo menos. Meu avô me levou na garupa, me ensinou a nadar, a furar onda, pegar jacaré e a boiar. Ninguém bóia como ele, tranqüilamente, enquanto as ondas do nosso mar revoltado tentam acordá-lo do sono fingido. Mas ele me ensinou coisas ainda mais importantes, grandiosas mesmo, que criaram o que sou.
Por isso quando ele diz que sofre, eu sofro também e tenho uma raiva imensa de quem o faz sofrer, mesmo que esse alguém seja eu mesma.
Não é esportista, mas sabe tudo de futebol e tem na memória um acervo de partidas inacreditável. Não é engenheiro, mas sabe tudo de construção. Não é cozinheiro, nem nunca trabalhou no Mac, mas suas batatinhas fritas são imbatíveis (e não são das congeladas!!) Ele é meu vô e isso ele também sabe ser como ninguém mais.
Por isso, quando ele diz que vai morrer, eu quase me ofendo. Como pode? Como vou me virar sozinha? Não! Como eu sempre digo para ele: tu não estás autorizado a morrer! Tu ainda vai embalar teus bisnetos e eu ainda quero passar muito tempo contigo. E se alguém me perguntar quanto tempo vai ser o bastante. Vou responder que nenhum tempo será o bastante e avós como os que tenho deveriam ser eternos!

terça-feira, 25 de maio de 2010

À mamãe Nine que há de nascer e à Nine mamãe que sempre existiu

A Nine, stritu sensu, só será mãe quando o Guto nascer; mas sempre houve uma Nine mamãe na Nine que ainda não era.
E, talvez, toda angústia da Nine que não era fosse a de ser. Por isso a Nine de hoje não é mais aquela das brincadeiras de Barbie e das noites de adolescência.
A Nine de hoje é aquilo que a Nine de antes não era. Ela se livrou da possibilidade de não ser.

E isso muda tudo.

Nossa amiga está radiante. Pela primeira vez, feliz com seus quilinhos a mais. Satisfeita com seu corpo, com a sua perspectiva de futuro a curto e a longo prazo, com seu emprego, com sua casa, com sua vida. Não que isso seja tudo que ela quer, mas satisfação é contagiante.

Hoje ela é só alegria e isso se transmite através de seu riso fácil e estrondoso, da sua fala constante e alta sempre pronta a narrar todos os detalhes de sua ainda recente maternidade.
Nesse momento, a Nine é plenitude.
É plenamente mãe e, talvez só agora, plenamente Nine.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A propósito da tristeza

Tristeza não tem fim, felicidade sim...

Mas tristeza normalmente tem um motivo específico, a vida é cheia de motivos, por isso seguidamente ficamos tristes. A felicidade não. Ela vem sem razão, mesmo que tudo dê errado, mesmo que existam muitos problemas a nossa volta.

Felicidade é gratuita. É louca. Chega sem razão, porém vai embora por que algo, maior que ela, vem estragar tudo.
Tristeza não. Ela chega com motivo. E ficamos tentando "mastigá-lo" para processá-lo e mandá-lo embora. O motivo pode ser banal. E normalmente é. Pode ser só da nossa cabeça. E muitas vezes é. Mas é um motivo.

Hoje estou triste. Meu motivo é banal, pode até ser malévolo; mas é legítimo. Não quero estar triste, mas não consigo processar minhas dores. Não consigo me convencer de que não há por que se aborrecer e não consigo entender como quem me ama pode me criar problemas entristecedores conscientemente. Eu não sei se faria isso, pelo menos não sem algum incômodo. Vejo essa atitude, no mínimo, com pesar.

É um desabafo.

Novamente, sei lá.

sábado, 1 de maio de 2010

A propósito de escolhas

O que pode ser determinante para um bom casamento? Estava lendo um livro português (Sempre maravilhoso Helder Macedo- Vícios e Virtudes) que falava de casamentos arranjados e um personagem dizia ao outro (que estava sendo casado) que ele ainda tinha escolha. em resposta o outro personagem diz: então qual é a vantagem do casamento arranjado?

Sim, pois sua grandissíssima vantagem é não termos de escolher. Escolher é um problema muito grave. Um responsabilidade imensa. Se tudo der errado, não podemos culpar ninguém, afinal, fomos nós mesmos que escolhemos. Talvez por isso a CULPA seja o grande problema da pós-modernidade.

Escolhemos sozinhos nossos casamentos, profissões e apartamentos e não temos a quem culpar por nossos erros (embora Freud ainda assim nos respalde). E, se qualquer dessas coisas der errado, a nossa culpa fica nos assombrando.

Ter escolhas é bom? Sim, talvez, nem sempre...

Mas uma coisa é certa: é sempre mais difícil.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A propósito da música da rádio

Hoje estava ouvindo rádio e ouvi uma música que dizia: "Se não podemos rir de nós dois, só nos resta chorar." E achei isso muito mais interessante do que quase tudo que tenho ouvido ultimamente. Tá certo que não tenho ouvido coisas interessantes ultimamente (e isso tem me preocupado: acho que estou, outra vez, numa encruzilhada). É uma verdade. Temos de saber rir e "ser ridos". Isso nem sempre é fácil, muitas vezes pode parecer sinismo ou sarcasmo; mas pode ser só intimidade e confiança. Num relacionamento, onde nos sentimos livres, amantes e amados num mesmo alto grau; o riso é natural, comum e frequente. Para suportar isso, nossa auto-estima também deve estar legal, devemos estar confiantes em nós mesmo para sermos capazes de confiar em alguém. Acho que é aí (sim, eu acho) que está o maior problema dos relacionamentos na idade "pós-moderna", essa coisa líquida (vide Baumman), onde nadamos como moscas tentando fugir do afogamento.
A construção da nossa identidade está cada vez mais prejudicada, por isso somos cada vez mais frágeis e é isso que nos dificulta a chegada ao outro.
Sou capaz de rir de mim mesmo (às pampas), mas não sei se suportaria o riso público, mesmo achando minha auto-estima (não sei se esse hífen não caiu, paciência, escrever nessa idade líquida em que até as regras ortográficas mudam, não é fácil) quase imbatível.

Sei lá. Reflexões têm de chegar a algum lugar?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A propósito de um grande amor

1- Te mentiram quando disseram que ao se deparar com um grande amor todas as tuas dúvidas cessariam.
2- Te mentiram quanto disseram que nunca mais verias ninguém e que sentiria vontade de estar sempre acompanhado.
3- E também te mentiram quando disseram que seria feliz para sempre.

Contudo, ainda assim, vale a pena viver um grande amor.

Um amor que muda a cada dia, ora aumenta e se torna tão grande que sufoca, ora diminui e fica quase insignificante; mas está lá e isso nunca muda. Que faz chorar e depois faz rir com ainda mais intensidade.

Um amor de projetos e sonhos juntos, um amor que, mesmo depois de muita confusão, compreende. Um amor que se adapta às necessidades de ambos. Que dá liberdade, mas também tem ciúme.

Um amor que, depois do cansaço, beija e acomoda. Um amor que preocupa, que exige cuidado; mas dá muito mais retorno num gesto inesperado.

Um "Eu te amo" na tela do computador, no meio do dia, ou um cheiro no pescoço, ao chegar, mudam não só o teu dia, mas a tua vida. E quando isso acontecer, você vai saber que encontrou o grande amor da sua vida. Daqueles que só se encontra uma vez na existência. E, por mais que não se concorde em nada, é impossível, pois dói como se uma parte da tua alma fosse arrancada, voltar a viver só.

domingo, 4 de abril de 2010

A propósito do transporte público

Tô ranzinza. Pra caramba!! Mas o ônibus dessa nossa amada cidade é uma merda (para ser sutil)!!! Lotado quase sempre e com uma regularidade duvidosa; mas isso já é normal.

O maior problema de todos não são esses, mas outros: a falta de higiene dos usuários e sua imeeeeeeeeeeeeeeeeensa falta de educação.

Idosos não podem nem tentar usufruir de seu direito de usar os bancos preferenciais, NINGUÉM levanta para que eles sentem. E eles ficam rolando pelo corredor (ao sabor do humor do motorista, que, lá pelas 18 horas, não é dos melhores) como uma bola de boliche derrubando os pinos (demais passageiros).

Entretanto, o pior de tudo são aqueles que acham que os demais são surdos, pois ouvem músicas HORROROSAS (e olha que sou hiper tolerante com músicas) em volume máximo. Ainda por cima, muitos decidem fazer isso ao mesmo tempo, cada um com uma música pior e com um volume mais alto.

Imagine: um inferno, que nem Dante seria capaz de compor, depois de um dia de trabalho intenso.

E os imbecis dos cobradores. Sim, eu digo imbecis e ainda acho politicamente corretíssimo, nesse caso. Pois é evidente que sua profissão está a um pequeno passinho de sumir e eles não fazem nada para que os seus "clientes" sintam sua falta e peçam por sua permanência.
Caso eles funcionassem como fiscais do ônibus impedindo esse tipo de comportamento, os usuários fariam coro pela sua manutenção, mas como não fazem nada, farão pouca falta.

Não os defendo. Paciência. Que criem consciência antes que percam os empregos!!

sábado, 27 de março de 2010

A propósito de um pito

Um amigo me deu um pito (fez-me uma repreensão, para quem não compreende gírias do século passado). De forma muito sutil e, até, velada ele disse que nunca deveríamos expor coisas de certos ambientes na internet. Acho que ele tem razão. Podemos ofender as pessoas a nossa volta e conseguir problemas sérios.
Pensei em apagar o que tinha publicado. A internet nos confere essa graça (antes os pobres autores, depois de terem jogado merda no ventilador, só podiam renegar a obra,o que pouco ajuda, já que a torna ainda mais curiosa aos leitores.) Contudo, não usei-a.
Decidi fazer alguma revisão que reduzisse a referência direta e deixar assim mesmo: afinal Baudelaire fez uma OBRA (e morreu pobre e sozinho) porque não poupou ninguém em seus escritos.
Tá bom. Não quero morrer pobre, nem sozinha. Por isso atenuei meus rabiscos. Mas certos hábitos da humanidade me fazem arrancar os cabelos!!
E me torno tão amarga que passo a ser intragável.

Paciência.

Eu avisei que não sou tão fácil quanto aparento.
Quem se aproximar, que esteja preparado.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A propósito de um convite

Sou muito de filosofias e pouco de instituições. Isso me ocorreu porque me convidaram para fazer parte do Greenpeace. Sou mais de fazer a minha parte. Acredito em Deus e não vou a igrejas . Economizo papel, uso transporte público, caminho de monte, uso lâmpadas econômicas; mas não quero fazer parte de nenhuma dessas instituições ambientalistas. Instituições são especialistas em criar radicais. Não gosto de radicais. Prefiro sempre a medida grega. Aurea mediocritatis. No equilíbrio encontramos as melhores soluções. As pessoas deviam ter mais princípios e menos instituições. Vejo ambientalistas usando madeira de lei com orgulho, crentes roubando com a maior cara-de-pau e seguem balançando suas bandeiras na maior paz interior.
Eu prefiro não me comprometer me comprometendo: não levanto bandeiras, mas tento fazer a minha parte.
Acho que é mais útil. Para mim e para a humanidade.

terça-feira, 16 de março de 2010

Personagens da minha vida

Aquele post sobre a Dinha me inspirou a fazer uma série: personagens da minha vida. Não é só um espaço para elogios, mas um lugar para agradecer a Deus por ter posto esses "anjos" cheios de amor pela minha vida no meu caminho. Será uma longa trilha: a mãe, a tia Zi, o vô e a vó (no singular mesmo), a Tata e o Bolsa, tia Rô serão uns dos temas, não nessa ordem, nem em ordem de importância, mas em ordem de inspiração. Assim como pensei todo post da Dinha no ônibus e o escrevi no banco, os demais devem vir espontaneamente. Aguardem e verão.

domingo, 14 de março de 2010

Velha e chata

Estou velha e chata. Por isso faço um compromisso público de não mais me sujeitar a fazer o que não gosto só por que os outros acham legal. Um professor da faculdade dizia que já estava muito velho para ler todo um livro do qual sabia que não ia gostar desde o começo. Eu não vou mais a programas só para fazer um social. Sabemos que isso resulta sempre num programa chato e que eu sou péssima no social e portanto tudo se torna catastrófico. Saio irritada com a estupidez humana a tal ponto que sou capaz de achar uma metralhadora e fazer um extermínio.
O raça que nunca aprende.
Se eles lessem mais, vissem mais filmes, ouvissem seus pais e avós; nunca agiriam dessa forma ridícula. Um homem que não conhece o seu passado está condenado a repeti-lo. Acho que a minha geração e, talvez mais ainda, a próxima estão cometendo os mesmíssimos erros de nossos pais: resolvem problemas de socialização, de trabalho, de família e outros quaisquer dentro de um copo.
Se os problemas continuarem progredindo na velocidade em que estão, teremos uma geração de bêbados, sim, bêbados e não alcoólatras; pois estarão sempre sob efeito do álcool.
Além disso, se acham muito inovadores pois têm A liberdade sexual. Só que ainda não perceberam que não sabem usá-la. Continuam como seus pais ou avós.
Nossos pais e avós conquistaram coisas importantes que não sabemos usar. As menininhas só conseguem usar sua sexualidade como objeto de troca e passam a ser lindas prostitutas do século XXI que nem recebem dinheiro para isso e não têm garantido o pagamento: a suposta influência ou ascensão social que almejam com isso.
Cadê a educação? Cadê a formação? Onde estão as conquistas dessa geração?
Quanta imbecilidade!!!
Tudo isso depois de um passeio para relaxar.
Não adianta, essas reflexões não saem da minha cabeça quando vejo situações assim. Burrice me incomoda, não consigo descansar com esse tipo de companhia.
Saí para me divertir e saí de lá estressada e triste. Será que não iremos crescer enquanto civilização? Seguiremos sendo uma geração de adolescente inconseqüentes até o fim dos tempos?
Estou mesmo chata e velha. Gosto de estar com os meus amigos que, pensando ou não como eu, me ouvem e me respeitam e não atentam contra a civilização. Bem ou mal nós crescemos.
Gosto mesmo de estar com a minha família que me aceita chata como sou e sabe rir da minha rabugice.
Velha e chata não gosto de ver a minha geração e a seguinte desandando o caminho.
Fim: não vou mais a encontros que prejudiquem a minha paciência de velha.

domingo, 7 de março de 2010

Curto

Eu escrevo como falo. Principalmente quando estou na presença de estranhos, ouço muito mais do que falo. Sempre leio muito mais do que escrevo.

Tenho sempre a sensação de estar repetindo algo que não merece ser repetido. Ou dizendo o óbvio. Odeio passar por idiota, então, mesmo que pense babaquices, calo; mas sigo perguntando mesmo correndo o risco de passar por imbecil.

Odeio perceber, ao final de uma conversa, que falei mais de mim do que soube da outra pessoa. Acho que pareci desinteressada ou mal educada mesmo.

Escrevendo não tenho motivo para deixar espaço para os outros escreverem, eles têm a imensidão da folha internética para escrever, mas não perco o hábito. E calo.

sábado, 6 de março de 2010

Dinha


Não sei de onde veio esse apelido. Suas histórias não são confiáveis. Acho que é por que ela é madrinha da maioria dos seus sobrinhos. De madinha, virou Dinha.
Ela não teve filhos naturais, mas seu instinto maternal é maior do que o da maioria das mães.
Não sou sua sobrinha, nem sua afilhada, ela ficou, para mim, no lugar da avó paterna que nunca tive. Ou de fada madrinha, pois tudo que ela sabe que quero, ela providencia. Sua frase mais marcante para mim: Não fica com vontade, pede para Dinha (sim, nesse caso ela fala dela mesma na terceira pessoa).
Eu tento retribuir à altura, mas sei que não consigo. Posso até ser doutora, mas dificilmente serei médica (seu maior sonho). De qualquer forma ela segue acreditando em mim e financiando meus planos mais loucos: especialização, inglês, inscrição em milhares de concursos. Nunca cansa. E eu sempre retribuindo pouco, nem mesmo todas as visitas que eu gostaria de fazer, faço, muitas vezes por causa das coisas que ela mesma me pagou.
Enfim, isso é só mais uma reflexão de como a vida é boa para mim. E de quanto eu devo à ela.
Te amo, Dinha!!

quarta-feira, 3 de março de 2010

A última categoria de amigos

Tô nessa fase de falar sobre amigos. E hoje a minha terceira categoria (de acordo com os comentários do blog, pois na vida elas são a primeiríssima) de amigas me surpreendeu. Quando cheguei no banco, encontrei minha melhor amiga da escola numa fase de brilho e alegria que me deu energia para um dia cheio. Ótimo! Depois, quando cheguei em casa, minha melhor amiga de infância (Isso!! Jacó bananeiras em pessoa) estava me esperando com um presente de niver atrasado e um mate (feito pela tia Ju, mas vale da mesma forma). Pela primeira vez nesse mês, tive tempo de sentar e conversar. O dia valeu a pena, por isso as amizades de primeira classe valem a pena. Para sempre.

Minha psicóloga disse que ter amigos é uma questão de tempo e cultivo, que, como não temos muuito tempo, não devemos ter muitos amigos (da categoria dos íntimos, obviamente), pois não poderíamos cuidá-los (Afinal, você é eternamente responsável por aquilo que cativa). Eu tenho uma porção de amigas íntimas e poucos amigos-parceiros-conhecidos, afinal, quem me conhece, sabe que simpatia não é o meu forte. E dedico tempo e energia em mantê-los, principalmente os de longuíssima data, como essas duas.

Disso tudo concluo: amizades sempre valem a pena não importa em que quantidade.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Amigas

Outro dia escrevi sobre as amigas que a vida nos impõe, hoje quero escrever sobre as amigas-estrelas que a vida nos traz, essas, talvez ainda não sejam daquelas amigas de coração; mas a afinidade faz brotar um carinho, mesmo que a pessoa não esteja próxima. É a empatia ou o "bater dos santos". Não costumo dar nome aos bois nesse blog. Por razões de estética (vamos combinar que é piegas pra caramba - por isso, até hoje ainda não escrevi nada sobre meu noivo) e privacidade (e para evitar ciúme, talvez). Entretanto, dessa vez, vou passar o relatório completo mesmo. Conheci uma colega de trabalho do meu noivo, a Camila,no final do ano passado. A vi duas ou três vezes. Contudo, simpatizei de cara. Depois o orkut me sugeriu sua amizade, lá encontrei o link para seu blog. E li. Sabe quando tu lê uma coisa pensando: é isso mesmo! Eu também acho! Quase fazendo torcida. Então vi que não era uma simpatia gratuita e sim afinidade descoberta assim sem querer. Enfim, isso é só uma reconciliação com a vida que também traz coisas boas. :)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amigos de circunstâncias

Ao longo da vida encontramos alguns amigos. Sempre são as circunstâncias que os trazem. Uma vizinha de porta, uma colega de escola, uma colega de faculdade, uma colega de trabalho, uma amiga de uma amiga muitas vezes se tornam aquelas amigas de fé, para toda hora. Entretanto, as circunstâncias nem sempre são tão benéficas, muitas vezes temos de conviver com pessoas que não nos encantam enquanto pessoas, não que elas não tenham nada de especial, mas simplesmente parece que estão em outra frequência, não há sintonia. Como conviver diariamente com essas amigas só de circunstâncias, que sabemos que serão levadas pelo tempo assim que ele passar? Como ser comedidamente amiga?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Alerta vermelho (e não amarelo): Não assista Budapeste

Não vejam o filme!!! Um horror! O ritmo que embala o enredo do romance vira pânico e desconforto no filme. A paisagem-poesia de Budapeste descrita pelos olhos (profundamente verdes - tá bem, não posso fugir do clichê) de Chico não são captados pela fotografia simplória do filme. Não aguentei. Sofri uns 30 minutos e desisti. Prefiro continuar com minha memória (pelo menos a metade dela) de Budapeste só no romance. Mantenha a sua completamente assim, se ainda tiver chance!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A propósito do aniver da Rafa


Rafa,

Eu não canso de repetir: ganhei meu presente de aniversário adiantado. Não só porque tirou a exclusividade do meu mês, não só porque eu pedi muito uma mana, como a Jacque tinha a Nine; mas porque eu ganhei muuito mais do uma mana, uma amiga, uma companheira e um complemento.

Eu ganhei alguém que me contraria; que me faz pensar; que aceita meus conselhos para sua vida e constrói um caminho melhor que o meu; alguém que me ama muito; que deixa tudo para me fazer companhia; que consola minhas lágrimas a cada briga com o namorado sem me julgar, sempre; que passa a tarde na piscina comigo; que me faz sufocar de rir; que fala sem parar e não deixa nem eu nem o Jozu dormir; que limpa casa; que arruma minha cama; que lava a roupa quando estou cheia de trabalho; que compra minha roupa quando não tenho paciência para fazê-lo; que leva minhas roupas para o conserto; que assiste filminhos bobos comigo. Eu posso ficar dias escrevendo porque te amo e porque tu és sempre o meu melhor presente de aniversário e não chega só no dia 2 de fevereiro, mas está o ano inteiro do meu lado.

Te amo, mana Rafa.

Beijão

Pre

sábado, 30 de janeiro de 2010

Não se acha tudo na internet

Para o bem e para o mal, como costumo dizer. Temos a sensação de que tudo está no Google, mas não é verdade. Testei isso com uma das minhas mais felizes memórias da infância: meu tio tem um LP daqueles pequenininhos com 4 canções, quando o visitava, talvez por falta de brinquedos, pedia para ouvir a música do canguru, na capa tinha um canguru de desenho colado numa paisagem de praia, tentei buscar a tal música na internet e não encontrei!! O nome da banda ou da música é bahamas, mas, ao fazer minhas buscas, só encontro o hino da república das Bahamas. Fiquei frustrada e feliz. Não encontrei o que queria, mas descobri que a internet ainda não absorveu tudo.

Tempestades

ADORO tempestades. Sei que, num momento em que os alagamentos são grandes problemas e a chuva causa destruição e mais miséria, isso parece um tanto sádico; mas não me interprete mal: eu gosto das tempestades nem sempre dos seus resultados.

Tempestades de verão são lindas.

Aquele calor abafado que as precede é terrível, contudo, quando o céu vai sendo tomado por aquela barra negra e seus ruídos apontam para uma inevitável despencada d'água, eu fico encantada.

É lindo ver toda água caindo e sentir essa manifestação de força da natureza, sentir o cheiro de chuva e saber que há algo maior do que nossa vontade sobre a terra.

E, por fim, quem não ama esse ventinho fresco que nasce da chuva?

Duplo

Novamente andamos por trilhas muita sapatiadas, mas vamos lá. Às vezes minha mente fabrica meu duplo, meu gênio maligno escondido. Respondo com simpatia, com sorrisos; contudo, mentalmente, produzo a resposta mal educada. Não sei que espécie de exercício psíquico é esse, todavia não me controlo e quando vejo lá estou eu esganando algum pobre vivente ou alguém que realmente merece. Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro já diz a canção do Wander. Ainda bem essa outra maligna está no fundo do meu ego e não vou encontrá-la na rua como a personagem do Poe.
P. S.: Adoro reverberações.

Escrevo muito mal

Sou avessa às novas fórmulas - esclareço - não para ler, mas para escrever. Não sei escrever sem ponto, quando meus autores favoritos já aboliram a pontuação. Gosto das vírgulas, das traves, dos jargões, dos clichês (o que seria da humanidade sem eles!!!), da retórica!! Meu Deus!! Sou velha!! Meu estilo é totalmente demodê e nem eu gosto do que escrevo (mas não consigo me livrar do hábito). Mas, afinal, como acabar sem um ponto final!?.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Formação

Quem tem muita informação e pouca formação é como um banquinho de três pernas. Qualquer argumento o derruba ao desequilibrar qualquer perninha.

A formação vem para quebrar o nosso banquinho em pedacinhos.

Ao perceber que o mundo é muito mais complexo do que nos parecia, construímos inúmeras perninhas para só depois firmar nosso banco outra vez, assim os argumentos poderão derrubar uma perninha ou duas, mais o banquinho seguirá inabalado.

Já as pessoas sem formação (e aqui não digo só acadêmica, mas principalmente essa) não vêem a fragilidade do seu banquinho e como só sabem que existe aquilo que sabem, elas acham que sabem de tudo que existe.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pés nas estrelas e cabeça no chão

Quem já não teve a sensação de que a vida está de pernas para o ar? Todos, né? Mas o meu caso é meio atípico. Eu acho. Acho que todos achamos que somos atípicos, né? Mas vá lá. A expressão "pés no chão, cabeça nas estrelas" me veio a mente hoje, mas ao contrário. A expressão nos remete a planos grandes e realizações graduais. Minha situação, contudo, é de planos medíocres. Quero uma rotina tranquila, um salário confortável, um apê classe média, um carrinho popular, nada mais. Todavia surgem oportunidades "estrelares" a todo momento. Como não ficar tentada? Quero o chão, as estrelas e tudo que tem no meio!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Insônia

Mentes doentias são produtivas: uma noite de insônia rende mil páginas e outras tantas ideias enquanto muitos dias bons não rendem uma linha. Será que só a tristeza inspira?? Será que só o sofrimento produz? Parece que sim.

O desenvolvimento da humanidade também se deu assim. As sociedades mais naturalmente privilegiadas são as que menos desenvolveram tecnologias. É a regra do menor esforço. Se eu tenho tudo que preciso por que motivo eu vou buscar outras coisas.

O meu rendimento é maior na adversidade, o problema é que crio adversidades para mim mesma. Um dia vou crescer e me acomodar num cantinho, com um emprego que me satisfaça plenamente, e vou finalmente criar em paz.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Imagem bárbara fotografada pela Lau

Ordem diária

Gosto mais de diários de papel. Esses blogs viram a vida do avesso e ninguém chega a ler o começo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bodas


Ao falar do tempo, lembrei de outro evento temporal de que tomei parte. As bodas de meus avós. O que senti foi intenso ao ver aqueles dois velhinhos entrando novamente na igreja depois de 50 anos juntos para dizer que poderiam passar mais 50 anos juntos. Já vi outra bodas, mas aqueles casais passaram 50 anos juntos, meus avós viveram os mesmos 50 anos. Eles uniram suas vidas de tal forma que acho que não sobreviveriam mais de um ano um ao outro. E seus rostos cintilavam a alegria de compartilhar esse tempo. De tudo o que senti duas coisas foram as mais fortes: a alegria de fazer parte dessa história e o medo de talvez não ter essa mesma alegria na minha história.

Um ano

Esse blog pouco escrito e lido menos ainda completou um ano há uns dias. Não sei a data exata de seu início (tá certo! com esse aparato eletrônico posso pesquisar, mas não quero!) o importante foi que descobri que ele completou um ciclo quando estive novamente no recital anual de piano que deu início a esses comentários. Outra vez o recital foi maravilhoso. Muitas mãozinhas fofas deslizando com ainda mais habilidade sobre as teclas do piano, todavia o que mais chamou minha atenção foi uma situação bem peculiar. Uma mulher do interior mais longínquo do estado, simples ao extremo, foi convidada a vir assistir a apresentação. Seus olhos muito abertos acompanhavam cada movimento, sua face maltratada pelo sol, pela idade, pelo sofrimento tomava a forma do encantamento e se enchia de formosura. Eu vi o encontro do tempo. Eu vi os séculos indo e voltado. Meninos, é impossível contar tudo que vi. Só posso dizer que valeu a pena.