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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sem nome (Macedo)

Que uma mulher diga que é mais nova do que é, tudo bem, tudo normal. Muitas vezes nem estaria a mentir mas simplesmente a ajustar a verdade à verossimilhança.

Frases

Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca um necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
Clarice Lispector - A hora da Estrela***Um momento! Não tenho medo do ridículo. Só os imbecis têm medo do ridículo. Já reparou q toda grande dor é ridícula?
(Nelson Rodrigues)
A mente odeia o vácuo. Qnd o futuro é incerto, mas nos interessa de perto, do q ñ somos capazes p aliviar a sensação de vazio- a fome angustiante e devoradora- da incerteza? Giannetti
Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar. (Conto da Ilha Desconhecida- Saramago)
Em minha discreta opinião, senhor doutor, tudo quanto não for vida, é literatura. (Saramago)
É necessário sair da Ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós, Se não saímos de nós próprios, queres tu dizer, Não é a mesma coisa. (Conto da Ilha Desconhecida- Saramago)
Tudo aquilo que aconteceu passou a ser validado apenas em função do que veio a acontecer e só assim podia ter acontecido pela razão evidente de assim ter acontecido. (Helder Macedo)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira


Palavras me sensibilizam mais e as imagens são mais chocantes para mim. Ao ver o filme "Ensaio sobre a cegueira" fiquei chocada com as imagens, principalmente com as condições precárias de vida no sanatório. Continuo achando o livro melhor. Comentário totalmente clichê. Mas é verdade! O livro mostra muito o mundo fora do sanatório após a saída dos cegos- o caos completo. E é narrado, as palavras fazem da moça de óculos uma mulher sublime, a imagem a coloca ao lado dos mortais, embora a atriz seja bonita e atue muito bem. A mulher do médico foi maravilhosamente interpretada assim como o próprio oftalmologista a relação entre os dois foi perfeitamente recomposta. O filme é muito bom. Resalvas à parte, realmente vale a pena assitir e ler.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A propósito de um comprimido


Estava no ônibus e vi um jovem rapaz com um compartimento da mochila cheio de analgésicos. Não é só ele. Lembrei que minha bolsa também possui um grande espaço dedicado a comprimidos em geral. Na verdade, todos usam: um, dois ou três por dia. Todo o dia. São analgésicos, antibióticos, antidepressivos, enfim toda sorte de “antis”. Na pós-modernidade, ninguém vivem sem eles. E eles puxam sua fila, explico: o antialérgico puxa o antibiótico que puxa o antiácido... Além do indispensável analgésico, cada vez usamos mais, mais fortes e temos mais dor. Não adianta, a dor do pós-tudo é implacável!

A propósito de uma aula

A universidade pública, gratuita e de qualidade sempre foi um dos meus lemas. Talvez por que todos na minha família se formaram em universidades federais e mesmo antes de ingressar na UFRGS já ouvia a Wrana repetir em todas as formaturas esse jargão. Fiz meu curso no tempo mínimo, sem desperdiçar recursos públicos.
Me formei e voltei a prestar vestibular, mas no mesmo ano fui aprovada no programa de pós-graduação em Literatura Brasileira. Minha nova graduação perdeu importância e confesso que não me dediquei nada, me matriculei e nunca apareci nas aulas ou fui até a primeira prova quando minha falta de dedicação gerou notas desastrosas. Temi que ao fazer uma cópia de meu histórico escolar, até então bem razoável, aparecessem esses fiascos; consegui fazer esse extrato só com o primeiro curso, contudo minha consciência não me perdoa.
Muitas pessoas quase sem patrimônio estão investindo seus escassos recursos numa formação que não tem sentido. Além disso, não me perdôo por ter deixado alguém, que provavelmente estudou bastante, de fora naquele ano em que ingressei no curso. Por isso, continuo, conforme tenho disponibilidade de tempo me matriculo novamente e estudo, só em respeito àquela criatura que ficou de fora.
Entre idas e vindas me matriculei em uma disciplina eletiva, que me pareceu interessante. Contudo, meus colegas gritam durante a aula, jogam truco e saem depois da chamada (graças a Deus deixam um pouco de silêncio em seu lugar). A professora não fica atrás, parece bem intencionada, mas chega sempre atrasada (em caráter permanente e combinado), se atrasa além do combinado, termina a aula mais cedo (dá quase 1 horas de aula quando deveria dar dois créditos!!) e dá uma aula sofrível (além de não dominar nenhum dos recursos tecnológicos a disposição para educação à distância).
Às vezes não compareço (o custo de oportunidade é alto e a categoria da aula não paga nem o deslocamento), todavia me remôo de culpa. Com todo esse desperdício e total falta de qualidade e controle, fico com medo de que grande parte dos recursos investidos nas nossas formações acadêmicas estejam indo para o lixo. Continuo achando que devemos ter ensino superior público, contudo deveríamos cobrar uma taxa por desperdício de disciplinas e nosso controle de qualidade deveria ser mais criterioso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Gentileza gera gentileza


Se ao andar pela cidade alguma vez encontrares essa placa "Gentileza gera gentileza", corre. São esses os piores lugares em termos de atendimento. Pela experiência empírica posso comprovar essa tese, mas também podemos pensar por que isso acontece: gentileza deve ser espontânea, não é um bem "trocável". Alguém que muito me ensinou disse: "Sorri uma vez, podem não te responder. Se isso acontecer, sorri outra vez. Caso isso se repita, sorri novamente, ninguém resiste a um sorriso três vezes repetido. Por isso, gentileza gera gentileza, mas quem ostenta essa placa espera que o primeiro, talvez o segundo e até mesmo o terceiro passo venha de você. Aproveite que já andou tanto e corra!!!!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A propósito do nosso edifício


Hoje estou nostálgica. Lembrei também dos velhos hábitos do condomínio. Fazíamos festa junina com fogueira, nos reuníamos para ver os jogos da seleção, tomávamos banho de sol na garagem e até pendurávamos roupa no salão de festas. Tudo isso bem no meio de Porto Alegre. Alguns interioranos acham que ninguém se fala nos prédios da Capital. Não foi sempre assim. Não é assim aqui. Temos um bairro de cidade do interior bem no cruzamento da Bento com a 3ª perimetral. Já não é a mesma coisa, não temos mais todos esses hábitos, muitas vezes tachados de dignos de um cortiço. Todavia ainda temos nossos jantares de encontro entre o vizinhos e nossa ecumênica festa de natal numa paz completa entre as religiões. E mais importante do que tudo, sabemos que podemos bater a porta ao lado, ou a de cima, ou a da frente (...) sempre que ocorrer um imprevisto. Seja dos pequenos: uma xícara de açucar, uma cópia à meia-noite para entregar com um trabalho amanhã (...) ou dos grandes: uma grande comoção por morte ou doença quando só se pode esperar um ombro amigo. Gostaria que nossa cidade tivesse mais recantos como esse.

Gentileza no ônibus


Tudo depende do ponto de vista. Depois de descoberta a lei da relatividade

a frase virou lugar-comum, mas não é tão óbvio assim. Nós, pessoas civilizadas, cientes dos nossos deveres sociais, nunca negaríamos o nosso acento no ônibus a uma senhora de idade ou a uma jovem com seu bebê. Entretanto o fato é raro, parece um hábito antigo do qual ninguém lembra mais. Tá certo que sou um pouco do século passado e me emociono quando vejo uma cena de simples respeito, todavia isso poderia ser mais comum. Não é. As boas maneiras estão tão fora de moda quanto os chapéus.