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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Memórias Compartidas

Tenho uma afinidade tamanha com algumas pessoas (como já disse, tenho poucos e bons amigos) que, às vezes, penso que nossas memórias são conjuntas. Parece que aquele ser ali do meu lado sabe tudo que sei, viu tudo que vi, sei lá, parece que o outro é eu mesmo. E, na maioria das vezes, até funciona quase assim. Com meus irmãos é totalmente assim, com algumas das minhas melhores amigas é assim.

Mas eu acabo irritando outras pessoas com isso. Quando vejo algo que identifico, pergunto: lembra de tal coisa? Sendo que a pessoa não sabe desse coisa. É quase automático e instantâneo, quando vejo já saiu de novo, até com pessoas que já me avisaram que esse minha mania lhes soa petulante. Eu não quero ser esnobe, mas acho mesmo que as pessoas a minha volta sabem, pelo menos a maior parte, das coisas que sei - conhecimento se transmite.

Enfim, isso é um pedido de desculpas e uma solicitação de compreensão.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que casar em pleno século XXI?

Casar já parecia demodê no século XX então o que pode levar uma pessoas a um ato que já era fora de moda no século passado?
Há uma linha filosófica de pensamento seguida por Bauman que afirma que, nessa sociedade líquida, - que é a sociedade pós-moderna - as relações humanas são efêmeras e descartáveis, a economia da solidariedade entre amigos ou em relações amorosas quase inexiste. Hoje somos o centro de nós mesmos. Nosso sustento, nosso cuidado, sexo e até amor dependem de pagamento pecuniário. Logo, tudo está à venda. E assim deve sê-lo para que todos tenham acesso igualitário (caso tenham o mesmo poder aquisitivo) a esses "bens".

Qualquer psicólogo moderno desaconselharia um casamento sem igualdade sócio-educativa e financeira. Temos de afastar de nós qualquer possibilidade de doação. Ainda assim, se encontramos alguém "a nossa altura" temos de nos manter lá a todo custo, esse "pareamento" não pode acabar nunca. De preferência devemos manter o mesmo salário e gostos muito semelhantes ao longo da vida.

O que resta a nós pobres mulheres românticas que ainda, mesmo que eventualmente, pensam em casar, ter filhos, ter uma carreira, estudar e ainda pensamos em correr o risco de depender do outro? Seria isso algum tipo de insanidade passível de banimento?

Ainda é possível se deixar sob a tutela de um terceiro com a mesma intranqüilidade que a legamos a nós mesmos? Ainda é possível perceber que não podemos ou não queremos cuidar de todos os aspectos de nossa vida sozinhos e necessitamos de ajuda (de preferência de confiança e não contratada)?

Pior ainda, na vida de casal moderno, como definir quem cuida do quê? Já passou o tempo em que o problema eram dividir as tarefas domésticas, hoje os problemas são mais complexos e provavelmente as soluções também o sejam (se é que elas existem).

Além disso, temos uma cerimônia que consuma socialmente tudo isso. Bauman a defende com muita propriedade e afirma que a união consumada de forma social é mais estável do ponto de vista dos dois envolvidos e também do meio social que os cercam. Mas são poucas as mulheres, mesmo que românticas, que querem organizar detalhadamente uma festa e custeá-la com quase um ano de trabalho. Dói no bolso e consome tempo - bem precioso. Ainda assim o número de casamentos tradicionais crescem e o nível de "felicidade" - se é que isso pode ser medido em índices como mostram essas pseudo-psico-revistas - aumentou.

Há alguma garantia para nós, valentes cavaleiros do novo século, que não temos nada pré-definido para nossas vidas e temos que inventá-las do zero, seja só ou acompanhado? Os padrões de casamento, já se foram a muito. Os de emprego também, e agora? A nossa vida social é bem diversa da de nossos pais e a liberdade é força plena mesmo em relacionamentos bem tradicionais. Por fim, o que é um casamento no século XXI? Alguém defina, ou não, pois se alguém definisse, outro alguém desdefiniria minutos depois... Chega.