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sábado, 30 de janeiro de 2010

Não se acha tudo na internet

Para o bem e para o mal, como costumo dizer. Temos a sensação de que tudo está no Google, mas não é verdade. Testei isso com uma das minhas mais felizes memórias da infância: meu tio tem um LP daqueles pequenininhos com 4 canções, quando o visitava, talvez por falta de brinquedos, pedia para ouvir a música do canguru, na capa tinha um canguru de desenho colado numa paisagem de praia, tentei buscar a tal música na internet e não encontrei!! O nome da banda ou da música é bahamas, mas, ao fazer minhas buscas, só encontro o hino da república das Bahamas. Fiquei frustrada e feliz. Não encontrei o que queria, mas descobri que a internet ainda não absorveu tudo.

Tempestades

ADORO tempestades. Sei que, num momento em que os alagamentos são grandes problemas e a chuva causa destruição e mais miséria, isso parece um tanto sádico; mas não me interprete mal: eu gosto das tempestades nem sempre dos seus resultados.

Tempestades de verão são lindas.

Aquele calor abafado que as precede é terrível, contudo, quando o céu vai sendo tomado por aquela barra negra e seus ruídos apontam para uma inevitável despencada d'água, eu fico encantada.

É lindo ver toda água caindo e sentir essa manifestação de força da natureza, sentir o cheiro de chuva e saber que há algo maior do que nossa vontade sobre a terra.

E, por fim, quem não ama esse ventinho fresco que nasce da chuva?

Duplo

Novamente andamos por trilhas muita sapatiadas, mas vamos lá. Às vezes minha mente fabrica meu duplo, meu gênio maligno escondido. Respondo com simpatia, com sorrisos; contudo, mentalmente, produzo a resposta mal educada. Não sei que espécie de exercício psíquico é esse, todavia não me controlo e quando vejo lá estou eu esganando algum pobre vivente ou alguém que realmente merece. Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro já diz a canção do Wander. Ainda bem essa outra maligna está no fundo do meu ego e não vou encontrá-la na rua como a personagem do Poe.
P. S.: Adoro reverberações.

Escrevo muito mal

Sou avessa às novas fórmulas - esclareço - não para ler, mas para escrever. Não sei escrever sem ponto, quando meus autores favoritos já aboliram a pontuação. Gosto das vírgulas, das traves, dos jargões, dos clichês (o que seria da humanidade sem eles!!!), da retórica!! Meu Deus!! Sou velha!! Meu estilo é totalmente demodê e nem eu gosto do que escrevo (mas não consigo me livrar do hábito). Mas, afinal, como acabar sem um ponto final!?.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Formação

Quem tem muita informação e pouca formação é como um banquinho de três pernas. Qualquer argumento o derruba ao desequilibrar qualquer perninha.

A formação vem para quebrar o nosso banquinho em pedacinhos.

Ao perceber que o mundo é muito mais complexo do que nos parecia, construímos inúmeras perninhas para só depois firmar nosso banco outra vez, assim os argumentos poderão derrubar uma perninha ou duas, mais o banquinho seguirá inabalado.

Já as pessoas sem formação (e aqui não digo só acadêmica, mas principalmente essa) não vêem a fragilidade do seu banquinho e como só sabem que existe aquilo que sabem, elas acham que sabem de tudo que existe.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pés nas estrelas e cabeça no chão

Quem já não teve a sensação de que a vida está de pernas para o ar? Todos, né? Mas o meu caso é meio atípico. Eu acho. Acho que todos achamos que somos atípicos, né? Mas vá lá. A expressão "pés no chão, cabeça nas estrelas" me veio a mente hoje, mas ao contrário. A expressão nos remete a planos grandes e realizações graduais. Minha situação, contudo, é de planos medíocres. Quero uma rotina tranquila, um salário confortável, um apê classe média, um carrinho popular, nada mais. Todavia surgem oportunidades "estrelares" a todo momento. Como não ficar tentada? Quero o chão, as estrelas e tudo que tem no meio!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Insônia

Mentes doentias são produtivas: uma noite de insônia rende mil páginas e outras tantas ideias enquanto muitos dias bons não rendem uma linha. Será que só a tristeza inspira?? Será que só o sofrimento produz? Parece que sim.

O desenvolvimento da humanidade também se deu assim. As sociedades mais naturalmente privilegiadas são as que menos desenvolveram tecnologias. É a regra do menor esforço. Se eu tenho tudo que preciso por que motivo eu vou buscar outras coisas.

O meu rendimento é maior na adversidade, o problema é que crio adversidades para mim mesma. Um dia vou crescer e me acomodar num cantinho, com um emprego que me satisfaça plenamente, e vou finalmente criar em paz.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Imagem bárbara fotografada pela Lau

Ordem diária

Gosto mais de diários de papel. Esses blogs viram a vida do avesso e ninguém chega a ler o começo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bodas


Ao falar do tempo, lembrei de outro evento temporal de que tomei parte. As bodas de meus avós. O que senti foi intenso ao ver aqueles dois velhinhos entrando novamente na igreja depois de 50 anos juntos para dizer que poderiam passar mais 50 anos juntos. Já vi outra bodas, mas aqueles casais passaram 50 anos juntos, meus avós viveram os mesmos 50 anos. Eles uniram suas vidas de tal forma que acho que não sobreviveriam mais de um ano um ao outro. E seus rostos cintilavam a alegria de compartilhar esse tempo. De tudo o que senti duas coisas foram as mais fortes: a alegria de fazer parte dessa história e o medo de talvez não ter essa mesma alegria na minha história.

Um ano

Esse blog pouco escrito e lido menos ainda completou um ano há uns dias. Não sei a data exata de seu início (tá certo! com esse aparato eletrônico posso pesquisar, mas não quero!) o importante foi que descobri que ele completou um ciclo quando estive novamente no recital anual de piano que deu início a esses comentários. Outra vez o recital foi maravilhoso. Muitas mãozinhas fofas deslizando com ainda mais habilidade sobre as teclas do piano, todavia o que mais chamou minha atenção foi uma situação bem peculiar. Uma mulher do interior mais longínquo do estado, simples ao extremo, foi convidada a vir assistir a apresentação. Seus olhos muito abertos acompanhavam cada movimento, sua face maltratada pelo sol, pela idade, pelo sofrimento tomava a forma do encantamento e se enchia de formosura. Eu vi o encontro do tempo. Eu vi os séculos indo e voltado. Meninos, é impossível contar tudo que vi. Só posso dizer que valeu a pena.