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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Gravidez não é doença

Nunca tinha pensado muito sobre esse dito popular, mas agora percebi que é uma grande cilada.
É óbvio que gravidez não é doença, os produtos são muito diferentes, nenhuma doença traz resultados tão positivos quanto um bebezinho e tudo de novo que ele traz consigo; mas se os processos não fossem semelhantes, não seria necessário repetir tanto que uma coisa não é outra. Os efeitos da gravidez no organismo são grandes, notáveis e muito diferentes de pessoa para pessoa.
Me dei conta de que é uma frase que desautoriza a mulher grávida a sentir os efeitos fisiológicos de seu estado físico e emocional. É uma frase machista e cruel repetida inúmeras vezes num mundo ainda mais machista e cruel.

Eu não sou muito feminista, acho que, como na minha família o machismo subsiste de forma muito tênue, acreditei que o mundo também já tivesse ultrapassado essa fase. Mas me enganei.

Não sou muito "menininha" no sentido tipificado do termo, nem muito sensível às ditas coisas "de mulher", quase nunca sinto cólica, não percebo minha tpm, meu humor é meio estável e meus hormônios comportados. Achei que minha gravidez também ia transcorrer assim, sem maiores percalços.

Mas não é bem assim, alguns sintomas são fortes e incontroláveis. O sono é de três noites sem dormir e o enjoo é constante mesmo que quase não vomite. Algumas coisas que gosto muito de comer, não posso nem ver. Perfumes e odores fortes que nunca me incomodaram me nauseiam imediatamente. Não quero sair e nem ver ninguém, embora não esteja nada deprimida, estou muito feliz e quero compartilhar minha alegria com meus amigos e familiares, mas a vontade de dormir é maior do que tudo.

Por isso, hoje compreendo a crueldade da expressão e me revolto. Nunca fales do que não entendes! Assim corres menos risco de ser estúpido. E, ao deparar-se com uma mulher grávida, compreenda, afinal, se não engravidássemos, a humanidade já estaria extinta e a maioria das coisa que consideras importantes e fundamentais nem mesmo existiriam.


domingo, 6 de abril de 2014

Companhia ou solidão?

Eu gosto de animais, principalmente de cães. Acho-os companheiros, fiés e fofinhos, mas são cães. Me sinto sinceramente incomodada com pessoas que colocam os cães e, principalmente, seus cães acima das pessoas em geral e até das pessoas de seu círculo de amizade. Acho o fim, se tu tens amigos que não valem pelo menos o mesmo que teu cachorro, te afasta deles, é melhor viver sozinho. Um amigo é um bem precioso com quem podemos contar para um passeio, para ir no cinema, discutir um livro, tomar um chá ou uma cerveja fazendo altos tratados filosóficos, alguém para rir e chorar, falar do trabalho, da família e dos outros amigos, enfim amigos são mais importantes que animais de estimação. Eu amo e respeito os animais, mas enquanto não respeitarmos as pessoas e não nos importarmos com os nossos semelhantes, não evoluiremos enquanto humanidade – no sentido mais amplo do termo.
Circula pela internet um texto típico desse tipo de entendimento de mundo que fala que os donos das casa são os cachorrinhos e os visitantes são intrusos que devem adaptar-se. No meu tempo isso era falta de educação. Quando recebíamos um visitante, fazíamos o que lhe agradava, servíamos comida a seu gosto, música de acordo e púnhamos a disposição todo conforto de nossa casa. E não colocávamos os cachorros neles. Convidar um alérgico para sua casa e não passar um aspirador no sofá é sacanagem. Receber uma pessoa que tem medo de cães e sujeitá-la ao sofrimento de passar a visita assombrado é de extremo mau gosto. É o mesmo que convidar um vegetariano para o almoço e dizer que temos churrasco, só de carne, quer, quer, não quer, não venha me visitar. Não é uma boa forma de fazer amizades.
Os cães devem ser ensinados a respeitar o espaço de seus donos e a passar algum tempo longe deles sem que isso seja visto como castigo. É uma questão de ordem. Todos podem ter um cachorro, é bom e legal, mas é mais importante ter amigos. Muitas pessoas que têm esse tipo de atitude afrontosa que coloca o visitante em situações constrangedoras, vão deixar de receber amigos e cada vez menos vão se relacionar com eles. Depois dirão que adotaram um cachorrinho para espantar a solidão.