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domingo, 29 de agosto de 2010

A tribo contra a solidão

Sou de uma família tribal. Fazemos as coisas em grupo. Todos juntos.
Para mim, bicho que anda sozinho tá doente. O mesmo serve para gente. Tá. Podem tentar me convencer que às vezes é legal ficar só. Andar, espairecer, pensar. É. Mas isso é quando nem tudo vai bem e precisamos refletir mais detidamente. É meio deprê.
Legal é ter com quem conversar, para quem ler e comentar. Ter com quem tomar o chima e falar mal dos políticos. Ter com quem planejar, com quem discutir, de quem discordar. Poder trocar uma idéia, se sentir à vontade, aceito e respeitado. O grupo é fundamental nisso. Precisamos dos outros, sempre, mesmo que possamos viver sozinhos. (Eu desconfio que nem possa, pois, para mim, sempre ficar sozinha foi castigo.)
Fui filha única até os 8 anos de idade. Quase toda minha infância, portanto.
Meu pai tinha o péssimo hábito (ou não) de me deixar de castigo. E o castigo era sempre o mesmo: não poder brincar com as gurias. Logo, de castigo, eu estava sozinha.
Tá bem, eu sempre li de monte, escrevi um bocado e passei muitos dias da minha adolescência escutando música no escritório.
Mas eu lia muito com a Jacque (com quem trocava todos os livros e as inutilíssimas Capricho e Atrevida - cada uma comprava uma e trocávamos); eu ouvia mais músicas com o Mano, a Mariana e a Carla - com quem eu também cantava - tá certo que eu cantava baixinho e deixava a voz dela sobressair, e assim parecia que eu cantava melhor, mas com certeza era mais divertido.
Eu não sou, nem fui uma pessoa de muitos amigos. Eu falo pouco, sou tímida e certos grupos me envaretam - depois que envareto, fico muda e não acho mais oportunidade de falar- depois penso: merda! poderia ter dito isso ou aquilo, agindo assim, eu pareci uma idiota; mas na hora: nada - mudez absoluta. (Eu sempre me definindo e explicando...)
Mesmo assim, sempre convivi muito com meus amigos, muito mesmo. Tenho amigos para toooooooooodas as horas. Quase não fico sozinha. Demoro para arranjar um novo amigo, mas me apego que é uma desgraça. Não os perco nunca mais. Acho que nunca perdi um amigo, nem por distância, nem por briga, nem por morte. Tenho todos à mão. São minha tribo.
Por isso não entendo solitários, acho que estão doentes, se afastando para morrer como elefantes.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pressa

Por que motivo, razão ou circunstância tenho tanta pressa? Corro como uma desesperada o tempo todo. Vivo umas três vidas no tempo de uma só. Estudo, trabalho, trabalho mais, estudo para trabalhar e trabalho de graça e trabalho mais. E ando na rua como uma maratonista. Tenho pouco tempo. Malho, chego cedo, saio para almoçar longe, chego atrasada, fico até tarde e vou para casa e estudo. E ainda preciso fazer sempre mais. Nunca termino de fazer o melhor que posso, mas me consolo, pois ainda é bem melhor do que o melhor da maioria das pessoas. Mas ainda assim acho que não precisaria ter tanta pressa. Nem sei bem para onde ir, faço muita coisa que não contribui para mim e mesmo assim sigo fazendo muito de tudo e não sei se consigo chegar a algum lugar, pois não sei exatamente aonde quero chegar. Vou tentar não ter tanta pressa e pensar melhor.