8)

8)

domingo, 28 de abril de 2013

Todo mundo diz que mãe é tudo igual. A minha não é.


Minha mãe nunca fez comida todo dia, nem reclamou da minha bagunça (só quando ficava no meio do caminho);
Minha mãe nunca lavou minha roupa como ninguém e também não reclamou quando não as lavei;
Minha mãe nunca me deu razão nas brigas com as professoras sem saber antes de quem era a razão;
Minha mãe também não me deixou ir a todos os lugares que quis sem saber muito bem do que se tratava.

Ela fez muito mais. Minha mãe me deixou sujar a sua cozinha para aprender a cozinhar, me deixou fazer bagunça até que a desordem me incomodasse a ponto de querer arrumá-la e achar um jeito de mantê-la assim.
Minha mãe não viu eu errar a quantidade de sabão e lavar toda a área de serviço quando tentei lavar minhas roupas, mas me secar tudo, e assim aprendi que sabão demais dá muito trabalho.
Minha mãe me ensinou a ouvir a todos e nunca pré-julgar.
Minha mãe me ensinou que certos lugares não são para mim.

Mas, mais ainda que tudo isso, minha mãe me ensinou que as coisas não valem nada. Que um sofá limpo e novinho não tem histórias. Que uma cozinha limpinha e intacta não ensinou ninguém. Que uma máquina de lavar que não possa ser usada para aprender vale muito pouco. Ela me ensinou que a vida é uma escola e, para aprender, erramos; mas os erros precisam ser arrumados e cacos, jogados fora.

Minha mãe me ensinou que o vale mesmo são as pessoas e o aprendizado. São os amigos e os momentos. Me ensinou que todas as pessoas são muito parecidas, cheias de medos e sentimentos, mesmo quando não parecem. Minha mãe não me ensinou a criar pré conceitos, me ensinou a conhecer as pessoas, ela tem amigos pobres, ricos, de todas as cores e religiões e, convivendo com eles, aprendi que sempre temos muito aprender e cada pessoa é um mundo. Ela também me mostrou que todas as pessoas valem a pena, mas nem todas as suas atitudes podem ser toleradas, que amigos de verdade respeitam as diferenças e as fraquezas de seus amigos, mas que amigos podem demonstrar sua discordância.

Hoje, véspera do dia das mães (para esse mundo capitalista as vésperas são distorcidas pela necessidade de vendas, mas a gente acaba se distorcendo junto, não tem jeito). Decidi escrever para agradecer. Porque minha mãe não é daquelas que está sempre na volta, ela tem muitos amigos e sempre tem alguém precisando dela, então nem sempre tenho a chance de dizer o quanto eu a amo e admiro.

Te amo, mãe! Obrigada por me ensinar a pensar, por me ensinar a agir com ética, por me ensinar a ser quem sou (e eu acho que sou alguém que vale a pena ser!)e ser sempre um porto seguro para onde posso voltar quando o mar tá revolto. Tenho certeza que teus ensinamentos me valerão ainda mais quando eu também for mãe. Beijão.