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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Metas para 2016


Sempre montei metas objetivas e muitas vezes numéricas nos inícios de ano, mas nesse ano minhas metas serão diferentes. Minha meta é ser diferente. Um amigo dizia: gastamos uma energia enorme para colocar o barco em movimento, depois podemos navegar com mais tranqüilidade. Acho que, com a chegada da maturidade, é tempo de navegar. Por isso, nesse ano de 2016, minhas metas são novas:

Quero aprender a ouvir e aprender a calar. Quero falar com sabedoria e inteligência.
Quero trabalhar com mais alegria e contribuir para um ambiente de trabalho agradável e menos hostil. Quero aprender e ensinar mais e ter cuidado com as pessoas que dependem de mim de alguma forma. Quero elogiar mais e criticar só o necessário de forma delicada e pontual sem magoar as pessoas.
Quero aprender a respirar.
Quero aprender a caminhar sem pressa.
Quero comprar menos, comer menos e ficar menos ansiosa.
Quero fazer um pouco de exercício e reduzir um pouco o peso – só o indispensável para evitar a dor.
Quero passar todo tempo possível com minha filha e prestando atenção nela. Tirar menos fotos e gravar menos gracinhas, abraçar mais, sorrir mais, cantar mais, dançar mais, ler mais, incorporar mais personagens e admirar mais risadas barulhentas.
Quero arranjar um tempo só para o meu casamento, para olhar meu marido com carinho e um tempo para viajarmos juntos.
Quero passar um tempo com os amigos e descobrir quem são mesmo os meus amigos.
Se der tempo, fazer novos amigos, mas só se eu tiver tempo para eles.

Por fim, encarar o tempo de forma equilibrada, aproveitando as coisas importantes, sem o desespero que me empurrou até agora e sem perder o ritmo e as conquistas acumuladas

sábado, 31 de outubro de 2015

A propósito do aniver da Teo

E de repente faz um ano
E parece que faz tanto e tão pouco tempo
Quanta dúvida, quanta ansiedade e quanta novidade!
A cama ficou grande, cabe mais gente
As noites longas e agitadas que levam o cansaço ao limite
E as manhãs alegres e com risadas sonoras que dão ânimo para o dia
E aquele cheirinho! Ah! O cheirinho faz tudo valer a pena.
E a risada, e o abraço, a carinha de sapeca, os olhinhos apaixonados e as gracinhas – os pedidos de leitura e sede de mamar, o carinho desajeitado e o amor que tão grande se torna concreto em cada momento de convivência.
Faz só um ano que ela nasceu pequenininha e molinha, tão indefesa e tão linda e agora já anda de pé, fala palavrinhas e está cheia de vontades.
A cada dia me encanto mais com sua beleza, seus olhos grandes como o da mãe, puxados como os do pai e azuis como dos bisavós; mas me encanto mais ainda com seu carinho e capacidade de observação – e fico completamente apaixonada!
E a cada dia é uma descoberta, uma aprendizagem e nossa vida se renova e nos envolve numa atmosfera de juventude e pureza.
E assim passou um ano...
e que venham outros tantos e conquistas cada vez maiores,
mas que sempre possamos estender a mão
e nossa ajuda sempre tenha serventia,
e que possamos, com nossa experiência e afeto, evitar muitos tombos
e ainda possamos consolar aqueles que não pudemos evitar.
Que ser pais para nós seja sempre poder mais, amar mais e viver mais através do que temos de melhor, nossa jóia cuidadosamente lapidada junto com nossos pais, irmãos e avós.
E por não caber em nós tanta alegria, temos muito que comemorar com todos que torcem por nós e nos observam nessa aventura.

A propósito do corpo de mulher

As olheiras de cansaço aparecerão, por causa da balada ou por acordar a cada mamada.
As estrias virão, seja por causa do barrigão ou dos quilos que vêm e vão.
As rugas também vem, com ou sem neném,
Envelhecer é o preço de viver e que venham as cicatrizes, sejam de piercing ou cesariana.
E que o corpo não seja motivo para escolher ter ou não ter.
E que os filhos não nasçam com essa culpa e nenhuma outra.
Afinal, nunca vi um epitáfio assim: foi sarada até o fim.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Há seis meses

Há seis meses eu nasci outra vez, tudo na minha vida e nas minhas convicções foi remexido e revirado. De uma quase "não mãe" (pensei várias vezes em não ter filhos) tornei-me mãe. Desde o momento em que vi o resultado positivo já amava essa menina, mas o giro mesmo aconteceu no momento em que meu olhar cruzou com o daquele pequeno serzinho que estava desprotegido, sozinho e recém-chegado, em cima da minha barriga, tudo mudou, eu mudei. Ali estava minha filha, a única coisa que tinha obrigação de cuidar e proteger. Entendi minha mãe de uma vez só, minha empatia com o mundo foi às alturas e hoje sou bem melhor e mais sensível. Tanto amor nasceu em mim que acho que me nasceu um coração novo, no antigo, com certeza, não cabia tanto sentimento.

Achei que a metamorfose estava completa, mas era só o começo, cada dia com ela é novo, cada dia faz com que me reinvente, que aprenda coisas novas.

Há seis meses o ar que respiro é mais perfumado, minha casa é mais ruidosa, há seis meses eu danço e canto todos os dias e alguém se regojiza com minha voz. Há alguns meses uma risada banguela me enche de alegria, um abraço saudoso me faz transbordar de felicidade. Esses meses foram os mais emocionantes, intensos, marcantes e memoráveis da minha vida, cada conquista, cada movimento novo, riso, palavra, ilumina o dia. Ela é muito linda, inteligente, esperta e carinhosa e a cada demonstração de carinho o afeto cresce absurdamente. Inúmeras vezes me disseram que ter filhos é se renovar, é renascer, hoje tenho certeza disso, que vale cada noite sem dormir, cada minuto de dedicação, cada esforço para carregar a pequena cada vez mais pesadinha. Nem sei como terminar essa postagem, pois não sei como essa aventura termina.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Feminismos

A Teo é a quarta geração de um família de mulheres que não cozinham. Não sei se quero que ela perpetue essa tradição.

Ser feminista hoje é barbada, para minha vó é que não era. Casou tarde (com 23 anos!!!), pois disse pro meu avô que sem se formar, não casava. Minha avó tem nível superior e nunca parou de trabalhar, nem com 5 filhos para criar (as pílulas eram muito fortes e ela não se adaptou), nem para fazer pós-graduação, nem quando os vizinhos falaram mal de seu uniforme de normalista. Quase foi expulsa de um curso porque usava calça comprida e foi a única de suas irmãs a compreender e permanecer unida a uma irmã que decidiu divorciar-se, quando todas as outras a xingaram, renegaram ou simplesmente se afastaram. Meu avô que cozinhava, ele era marceneiro e trabalhava em casa, por isso cuidava mais das crianças e da casa. Hoje os dois são aposentados e dividem o serviço doméstico, mas minha vó ainda não cozinha (ela sabe cozinhar e até que a comida dela é boa, mas só vai para cozinha em caso de emergência).

Minha mãe casou para estudar, em sua cidade não tinha faculdade e sair de lá sozinha ainda não era concebível. Pegou carona com meu pai e veio para Porto Alegre onde matriculou-se no cursinho pré-vestibular. Sua ginecologista disse que ela tinha útero invertido e não engravidaria sem tratamento. Um mês depois de casada, eu estava a caminho. Passei a ser mochila dela, ia em quase todas as aulas, lembro dela estudar muito. Minha mãe nunca foi dona de casa, nunca soube o que tinha nos armários e geladeira, nunca cozinhou todos os dias, nunca teve gosto por fazer faxina e, se surgisse uma proposta de passeio enquanto estávamos limpando a casa, já ficava tudo pela metade ou sem fazer mesmo. Ela preparava receitas especiais para o meu pai e fazia um carreteiro sem graça que ninguém gostava e do qual hoje tenho saudade. Mas cozinhar assim: arroz, feijão, bife e salada todo dia não rolou. Eu e meus irmãos aprendemos cedo a ter nossas tarefas domésticas. Depois que o pai morreu, não pudemos mais pagar empregadas e a mãe passou a trabalhar muito, então era tudo conosco.

Eu cozinhava e lavava as roupas, mas cozinhava tão mal que meu irmão, que era bem pequeno, decidiu aprender, diz ele, hoje, em tom de deboche, que aprendeu para não morrer de fome. Depois até melhorei, sei fazer bastante coisa, mas sigo não cozinhando. O Vinícius que controla os estoques de comida e faz coisas maravilhosas na cozinha. Eu, mesmo que me esforce muito, não sei quantos tomates eu tenho e, se preciso fazer uma comida rapidinho, me atrapalho toda e odeio, odeio cozinhar por obrigação.

Tudo isso para dizer que está entranhada na minha formação e cultura a divisão de tarefas entre os gêneros, que nunca pensei em não trabalhar ou deixar de trabalhar por algum motivo, nunca pensei em parar de estudar mesmo quando meu marido parou, pois achou suficiente para ele (O Vinícius é formado em matemática - isso explica muita coisa). Nem nunca pensei em ter um marido que esperasse outra coisa de mim.

Hoje, com quase quatro anos de casada e dezessete de relacionamento, acho que exagerei. O Vinícius vive cozinhando coisas para mim e trazendo tudo que eu gosto do super e eu só espero. Ele me traz café na cama, água quando peço e leva para cozinha a louça da sobremesa e, se ele me pede alguma dessas coisas, me sinto ofendida, hostilizada, acho ele o homem mais machista do mundo (não que ele não seja um bocado machista em muitas coisas, mas nem tanto).

Por isso não sei se não quero que a Teo aprenda a cozinhar. Cozinhar assim no sentido de tomar conta de sua casa, de ter o poder da alimentação da sua família e da gerência do lar. Acho que preciso achar o meu equilíbrio, para ser justa e me sentir mais dona da minha casa, na maioria das vezes, me sinto mais dona do meu trabalho do que da minha casa.

Por isso acho que minha filha será criada por uma mãe um pouco mais mãe DONA da sua casa. E talvez ela aprenda a cozinhar como o pai dela.

A propósito do parto da Teodora

Tenho dois arrependimentos nessa vida: não ter filmado meu casamento e não ter tirado uma foto minha na sala de parto. O parto foi tão bom e a Teo nasceu tão bonita que é uma judiaria não ter um registro. Mas foram momentos lindos que seguramente ficarão na memória.

Meu trabalho de parto foi muito parecido com o que imaginei e planejei. Queria ficar em casa o máximo de tempo possível, então, próximo à uma da manhã, quando acordei com contrações mais fortes do que de costume e percebi que a Teo vinha nascendo, fiquei bem quieta, contando o tempo entre as contrações que já estavam de 5 em 5 minutos. Fiquei assim até às 3, só então chamei o Vinícius.
Ele me disse para ficar calma e dormir mais um pouco. Eu disse que tinha certeza que era a hora e ia chamar minha mãe. Planejei que ela ficaria comigo, controlando o trabalho de parto em casa (a mãe é enfermeira obstetra) até a hora de nascer, em pouco tempo ela chegou e mediu meu colo. E aí as coisas começaram a ficar diferentes. A mãe quis logo ir para o hospital, pois achou meu colo muito fino e teve medo de esperar mais e a Teo acabar nascendo no carro. No caminho, avisamos a médica que estávamos a caminho do hospital.
Chegando lá, umas 4 horas, as dores ficaram fortes e me encaminharam sozinha para uma sala de pré-parto. Naquele momento passei muito mal, vomitei e achei que ia desmaiar de dor, não queria ficar ali só. Logo chamaram uma enfermeira que mediu novamente o colo e disse para eu ir para casa, que ainda ia demorar muito. Minha mãe insistiu que fizessem um outro exame, um map, para verificar as contrações, não aguentei o exame, estava com muita dor, mediram o colo outra vez e tinha 5 cm de dilatação. Só então a enfermeira pediu a médica para vir para o hospital e me encaminhou para sala de parto.
Eu queria ficar de pé e no chuveiro, fiquei assim com a minha mãe na sala de parto até a médica chegar, quando ela chegou me conseguiu uma bola e orientou o uso debaixo d'água. Foi bem "aliviador". Logo começou a vontade de fazer força, eu queria seguir de pé, mas a médica solicitou que eu fosse para maca, acho que teria sido mais fácil ficar de pé, mas, talvez, teria sido mais arriscado para minha pelve, fui para maca e comecei a fazer força. Perdi a noção de tempo, mas acho que já passava das 5:30. Fazia toda força possível e ainda assim não era o suficiente, fazia força errado, colocava muita pressão no pescoço, a médica e a mãe tentavam me orientar, mas eu não conseguia fazer diferente, foi um momento angustiante. Em seguida, a médica disse que teria de fazer uma episiotomia, eu não queria, mas ela chamou a mãe e mostrou como era necessário, como eu confio nelas, deixei. A médica, que me conhece desde pequena, começou a ficar ansiosa com a demora, acho que estava mais preocupada do que eu, a todo momento dizia respeitar minha vontade de deixar o parto fluir, mas diversas vezes falou que podia abreviar aquele momento, que já era quase de manhã. Eu fazia que nem escutava e tentava fazer força corretamente, ela me motivava, já vai nascer, dizia a cada contração, na próxima vem com certeza, já tá quase aqui.
Até que 7:38 a Teodora nasceu. Colocaram ela em cima da minha barriga, ela chorou um pouquinho e logo ficou me olhando com seus grandes olhos lindos. Foi um momento maravilhoso, tudo parou, por duas vezes quiseram levar ela para o banho, mas eu pedi que ficasse, não sei por quanto tempo fiquei assim, eu estava em êxtase. Achei que ela seria levada e rapidamente devolvida, demorou tanto para trazerem de volta que fiquei ansiosa, segundo me disseram, tinha fila para o banho, muitos bebês nasceram naquela manhã. Tomei café enquanto esperava e quando ela chegou coloquei-a para mamar. Era linda! Nasceu com 3.285Kg e 47 cm. Uma fofinha. E me parecia tão pequena. Tudo tinha sido tão perfeito, fora uns pequenos detalhes, porque a vida real não segue exatamente o planejado e um trabalho de parto é dinâmico (como a minha mãe já tinha me dito várias vezes), que nem acreditava, estava transbordando de alegria. Por isso queria uma fotografia.