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domingo, 11 de dezembro de 2011

A história da Preta

A Preta era a Seleste quando criança, mas ela desbotou até ficar azul... celeste.
A Preta achava que era uma mulher independente, que ria de suas amigas que queriam "a minha casinha, com os meus filhinhos". A Preta queria fazer carreira, provavelmente no direto; não ligava para o corpo, só queria ler poesia e mudar o mundo. Talvez a Preta virasse Hippie ou revolucionária.

A Preta não queria casar até encontrar o cara. Foi aí que ela cresceu: quis casar, construiu uma casa e até pensa em ter filhos - a Preta virou Seleste.

Seleste é professora e Bancária. Malha todo dia, só lê prosa, praticamente abandonou a poesia. Ainda quer um mundo diferente, talvez para seus filhos; mas não vai ser Hippie nem revolucionária. Talvez uma bancária ou professora diferente que instrui alunos e clientes sobre futuro e que acredita nas sementes lançadas.

Talvez ainda haja um pouco de Preta em Seleste.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fadada à alegria

Era um dia para ser triste. Se meu pai estivesse vivo, completaria 53 anos.

É certo que já tive em muitos anos a chance de chorar essa perda, mas nesse ano me dei conta de como eu seria diferente de mim mesma se ele estivesse vivo e definitivamente não sei se eu gostaria dessa outra versão de mim mesma. O que me fez concluir que a morte dele teve uma função. Isso me deu uma dose de culpa. E me deixou meio chateada.

Cheguei no trabalho, ganhei água na mesa, porque uma querida colega sempre deixa minha garrafa cheia ao chegar; depois, uma cliente veio me procurar só para me deixar um presente - pelo simples fato de eu tê-la atendido - eu nem a atendi muito bem, andava atucanada com coisas que dessem resultados (clientes, em um banco, nem sempre são os resultados pretendidos).

À tarde, estava organizando umas gavetas e encontrei um cartão que chegara a pouco, de um colega, o chamei e entreguei. Recebendo-o ele disse: se tu não existisse, seria necessário te inventar. Sei que não falou isso por esse ato isolado, o que faz ter ainda mais valor.

Logo depois fui pedir um favor a outro colega, estava me preparando para pedir uma coisa que sabia que ele não gostava muito de fazer e cheguei fazendo rodeios. Ele me olhou e disse para a cliente que estava atendendo: não é uma gracinha?! E não foi irônico. Mais tarde, a estagiária que trabalha conosco trouxe uma garrafa de Coca-Cola e disse brincando: vamos abrir a felicidade? (Em menção à propaganda)

Fui para casa mais feliz, mas ainda desconfortável. Passei na casa da mãe para deixar umas coisas e nós (minha mãe e meus dois irmãos) sentamos e tomamos um chimarrão. A mãe comentou que seria aniversário dele e comentamos um pouco sobre isso. Nada trágico. Fui buscar o meu marido para irmos para casa e ele me convidou para jantar e ver um filme. De repente comecei a chorar. Ele tentava me consolar de todo jeito, se desculpava por milhares de coisas que julgava serem motivos de tal crise de choro; quando consegui respirar, falei o que tinha me deixado triste, ele continuou me consolando até que eu mesma não visse mais sentido nenhum em chorar e fiquei feliz.

Parece que existem pessoas fadadas a tristeza, acho que sou fadada a felicidade.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Amigos

Há amigos que são como os congressos ou as viagens marítimas: têm seu tempo e espaço circunscritos. (Cf. Helder Macedo)

domingo, 21 de agosto de 2011

Memória e tecnologia

Somos memória e a história de nossa civilização também é. Principalmente a cultural, mas o fato é que a tecnologia interferiu de maneira contundente na forma de nossa civilização armazenar memórias e assim também interferiu no nosso juízo sobre as coisas.

Exemplifico: Hoje as pessoas costumam dizer que não há mais a criatividade musical que existiu nas décadas de 50,60,70 e até 80. Pode ser verdade, mas eu acho que não é bem assim. O problema é que essas gerações tiveram a oportunidade de nos deixar seu legado gravado, enquanto as gerações antes deles não a tiveram ou a tiveram de maneira muito precária. Desta forma tudo o que eles criaram, embora muita coisa viesse do passado, pareceu original e seus ícones foram consagrados e, para a felicidade ou infelicidade das gerações futuras, foram gravados. Por isso tudo nos parece cópia.

Discorda? Então imagina como seria seu critério sobre guitarristas se você nunca tivesse ouvido Chuck Berry ou Jimi Hendrix.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Liberdade e Segurança

Não existe liberdade total bem como não existe completa segurança.


Por isso, cada atitude que tomamos deve ser balanceada entre o risco e o benefício. Eu gostaria de tomar chimarrão na minha calçada para ver o movimento e cumprimentar os vizinhos (como faz o pessoal do interior) e andar pela rua sempre que tivesse vontade, mas depois das 10, não ando para lugar nenhum.

Como calcular o risco certo?

Não temos como saber o que pode dar errado: é como estar parado numa sinaleira às 3 da manhã.

Passando o sinal, tu pode levar uma multa, encontrar um outro carro em alta velocidade ou pode não acontecer nada e tu ainda chega mais rápido em casa.

Parando, tu pode ser assaltado, sequestrado ou simplesmente chegar em casa tranquilo sabendo que cumpria a lei e era precavido.

Que grau de risco é possível assumir para manter a vida interessante?

Como não ser paralizado pelo medo?

domingo, 17 de julho de 2011

Planos

O que constitui uma pessoa é seu passado, sua memória. Uma pessoa sem memória perde a personalidade - nós somos o nosso passado.

A nossa era só sabe falar do futuro. E as pessoas se concentram no futuro, na hipótese e no risco ao invés de investirem na construção de um belo passado.

sábado, 25 de junho de 2011

O prazer de ler

Eu adoro ler. E acho horrível quando as pessoas dizem: eu gostaria de ler, mas não tenho tempo. Como se ler fosse coisa de desocupado.

Mas todo problema é que estou preocupada com as minhas leituras.

Em função do doutorado, tenho lido muito teoria da literatura e nada de literatura. Nada por gosto, com vontade. O último livro legal que li foi "Natália", mas só li por que faz parte da minha tese - então não conta. Então acabo me enquadrando no rol das pessoas que não tem tempo para ler. Leio no ônibus, antes de dormir, enquanto espero qualquer coisa; mas na minha bolsa só tem um livro de sociologia!!!

E agora - que vou para agência de carro - quando vou ler?

Entrei numa livraria esses dias - eu procuro evitar esse tipo de visita para evitar problemas de orçamento - e queria carregar tudo: auto-ajuda, ficção científica, livros infantis e até aqueles de adolescente que agora são tão mais cheios de coisinhas. Ler toda a literatura inútil do mundo e a útil também, se é que essa linha é tão clara.

Já faz tempo que não participo de mesas sobre literatura com especialistas e isso me faz tanta falta. Queria saber se toda literatura, psicologia, sociologia, filosofia, história e antropologia não é uma forma de auto-ajuda, uma maneira de tentar nos compreender para viver melhor, um jeito de ver mundo com o olhar do outro,de viajar no tempo e no espaço e conhecer. Por isso, às vezes, quero ler tudo - ler para saber, para opinar, para não gostar. Não quero dizer (como certa vez um professor meu disse) não li e não gostei. Quero o direito à leitura! Já!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A propósito da negação do passado

Nossa geração se acha muito múltipla e tolerante, mas despreza nosso passado de um forma tão afrontosa que nem se dá conta. Podemos mudar o futuro, mas não o passado.
A censura à obra de Monteiro Lobato é só mais um exemplo disso. O autor é machista, racista e autoritário, mas ele é só reflexo de toda sociedade de seu tempo. Se escondermos isso de nossos jovens estaremos fadados a repetir nosso erros enquanto civilização. Logo outro jovem cientista vai querer provar qual é a etnia mais forte ou mais inteligente e vamos voltar aos anos negros.

Entender que todos são iguais é uma necessidade, mas saber que nem sempre foi assim é quase tão importante quanto.

Lembrei de uma aula em que falava com uma aluna sobre a luta pelos direitos das mulheres. Ela, uma jovem de 15 anos, não compreendeu. Como assim? Por que direitos das mulheres, se elas fazem tudo e até mais do que os homens. Assustada com a verdade da resposta, expliquei por que era importante conhecer esse passado e cuidar para que ele não se repetisse, seja na versão machista ou numa pós-moderna versão feminista.

É preciso conhecer o passado, saber das injustiças já cometidas para manter a igualdade - ela é um bem precioso.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A propósito da Pressa que me rendeu mais um tombo

Eu já prometi parar com toda essa pressa. Já jurei pensar mais e correr menos. Já disse que não quero ocupar todíssimo meu tempo com coisas úteis e me castigar por cada minuto "desperdiçado" - sim, eu sou um modelo de administração do tempo - e isso é péssimo. Não é como nos treinamentos de eficiência e eficácia. Na vida privada só cansa, causa acidentes e pode até matar.
Pois é,eu tento ser uma dona de casa razoável, economiária competente, professora doutora em gestação, esposa, filha, neta e boa amiga. Tudo agora imediatamente.

Por isso estou sempre com pressa.

Por isso corro.

Por isso me acidento.

Sábado fui limpar o chão da cozinha, pois derrubei farinha no chão fazendo um bolo para esperar minhas queridas colegas da faculdade que vieram me visitar para ver o álbum do casamento (sim, só agora ficou pronto). Correndo no chão molhado para guardar o balde antes das gurias chegarem escorreguei e caí de cabeça no chão. Não sei como, foi um salto mortal ou um duplo twist carpado sei que minha cabeça bateu com força no chão e escorregou até a parede onde o resto do corpo amontoou. Na hora, tomei qualquer coisa par dor e recebi os amigos tranquilamente. Dormi tarde e cansada e nem lembrei mais de tombo nenhum.

No domingo, ao tentar levantar, lembrei bem o que tinha causado toda aquela dor e dificuldade. Não pude levantar. Dor. Tomei remédio e levantei ao meio dia, mas o joelho roxo e o ombro imóvel ainda doíam muito. Minha mãe me carregou para o traumato, fiz raio x e não quebrei nada, mas dada a minha situação delicada (minha clavícula daquele ombro saiu do lugar há uns 15 anos atrás e nunca mais se recuperou) o médico além dos antiinflatórios botou meu braço na tipóia.

Fim da correria - de molho dois dias. Juro que vou parar de correr.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sobre a falácia do Pluralismo

A moda agora é ser plural, mas cada vez mais se criam radicais.

Os homossexuais desconfiam que todo hetero está no armário.

O legal é respeitar as diferenças desde que todos pensem igual. Temos de respeitar o amor livre, mas não respeitamos o outro - que se tornou mero objeto - afinal a "fila tem de andar" e esse é só mais um ser descartável que passou. A máxima de Exupéry "és responsável pelo que cativas" é demodê. Demais! Tempos líquidos, como diria Bauman.

Esses dias, por puro esquecimento (afinal já tinha desistido disso antes), entrei em uma pseudo- polêmica no facebook. Digo "pseudo" pois todos já sabem que todos estão de acordo e ficam ecoando ali seus próprios pensamentos. Asnum asinus fricat. Cada vez mais acho que os latinos tinham razão. Estupidez minha achar que poderia haver algum diálogo ali. Pronunciei minha humilde opinião, diferente da posta e fui fulminada por uma série de respostas reativas e redundantes. Tudo bem, até me chamarem de ignorante. Para mim, fim de linha: a criatura nem sabe quem eu sou, nem com base em que formei aquela opinião e me chama de ignorante por discordar dele! Viva a pluralidade!! E mais ainda a HIPOCRISIA desse pluralismo radical.

Tenho convicções fortes. Respeito pessoas assim: que querem e sabem defender seu ponto de vista. Mas acima disso, respeito a opinião dos outros e sei que ela também tem motivações que a sustentam. Ninguém é ignorante por discordar - contudo se ignoram muitas coisas por não saber ouvir.

Nesse mundo em que as pessoas explodem as divergências com bombas, poderíamos respeitá-las um pouco mais - principalmente aqueles que se dizem minoria.

Outra coisa esdrúxula é esse feminismo igual ao machismo. Substituir uma coisa pela outra não vai ajudar. A propaganda da Bombril é um exemplo disso. Um humor feminista estúpido. E burro, pois ainda coloca a mulher como a "limpadora" do lar.

Sinceramente, não sei onde vamos parar. Pode ser clichê, todavia é cada vez mais real.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sobre "As Melhores coisas do mundo"

Ontem, quando vi esse filme, percebi o quanto ainda sou adolescente. Pode soar profundamente ridículo, ainda mais levando em conta que ano que vem chego aos 30.
Mas sou. E daí?

Ainda acredito em grandes amores (talvez por isso tenha casado com meu primeiro namorado sério). E, principalmente, o que cada vez mais me parece a ingenuidade das ingenuidades, eu acredito na felicidade.
Não! Eu não acredito nos finais felizes dos filmes, mas sei que podemos ser felizes e isso é uma decisão. Não é uma condição - independe das circunstâncias.

Fora eu ser uma velha retardada, o filme é muito bonito, mas preocupa.

Será que nossas escolas estão assim tão semelhantes àquelas americanas que vemos nos filmes: cheias de estupidez, burrice e intolerância? Por quê? Até onde alcanço nossa antropologia não embasa esse tipo de comportamento. Estamos copiando-os juntamente no eles tem de pior, ou pior, estamos copiando-os em tudo. E agora que o sistema deles mostra claros sinais de enfraquecimento? Por quê?

A escola deles é seu maior ponto fraco. É uma escolarização imbecilizante que discrimina os alunos desde suas primeiras letras. Ela, por sua estrutura, incentiva o tipo de comportamento segregacionista que vemos no filme. No meu tempo de escola, não éramos assim. Melhor para nós; mas que escola espera nossos filhos? Se é que teremos coragem de tê-los.

Tá bem. Sou professora. A escola é uma das minhas preocupações fundamentais, mas não deveria ser a de todos que mandam seus filhos para lá? O filme mostra bastante da estrutura escolar e do mundo adolescente.

Achei bastante poético e acho que vale a pena.

domingo, 1 de maio de 2011

A propósito de Pernambuco

Sim. Esse blog é a respeito de Porto Alegre. Mas como eu sou portoalegrense e vou falar da minha perspectiva sobre Pernambuco, vale. (Além do mais, quem define as regras sou eu, então vou acabar escrevendo sobre o que eu quiser mesmo)
Há uma dose imensa de preconceito em tudo que se fala sobre nordestinos no Brasil. Os Pernambucanos são excelentes anfitriões: educados, pontuais, trabalhadores, gentis e muito honestos.

Logo percebi o quanto vivemos num mundo louco: agarrados em nossas bolsas, sacolas, óculos e celulares como se fossem o último tesouro do mundo.

Dizem que os pernambucanos são os gaúchos do nordeste, concordo, contudo, nós já perdemos muito de nossas raízes. Acho que é o legado do nosso "maravilhoso" desenvolvimento econômico.

Na primeira praia em que nos instalamos, ficamos naquele dilema: vamos para o mar juntos e deixamos nossos pertences ou revezamos na vigilância? Uns vizinhos paulistas nos disseram que ao perguntar ao garçom se havia problema em deixar as sacolas sozinhas, ele respondeu: Isso não é o Guarujá. E realmente não era. Ao ver milhares de sacolas de praia abandonadas em todos os acampamentos da praia enquanto seus donos haviam atravessado a praia até os recifes, fiquei tranquila: não vão escolher a minha. Entretanto, nenhuma sacola foi surrupiada.

Na primeira saída às compras, esqueci, no carro que nos levava, uma sobrinha de Olinda. No instante que dei falta dela, assim que chegamos no quarto, o telefone tocou e era o rapaz avisando que estava deixando a dita sombrinha na recepção do hotel.

Ainda assim, é difícil deixar alguns hábitos arraigados e seguimos o passeio desconfiados. Usando sempre aquilo que aprendemos aqui: levar o mínimo necessário, guardar pertences mais valiosos no cofre (abrir o nosso cofre seria uma piada) e nunca tirar a atenção da bolsa.

Isso devia ofender aos Pernambucanos, mas eles entendem que viemos de "outro mundo". Como eu gostaria que nosso desenvolvimento não causasse esse terrível efeito colateral, que houvesse mais distribuição de renda, para que pudéssemos ter um pouco de sossego em nossa casa e em nossa terra.

domingo, 17 de abril de 2011

A propósito da Perfeição

Todas as pessoas idealizam os momentos importantes de sua vida: quinze anos, formatura e, principalmente, o casamento. Eu não sou muito diferente. Em todos esses anos de namoro, muitas vezes pensei em como seria meu casamento. Dentro do financeiramente possível, contratei as coisas que gostaria; mas muitas foram excluídas por não servirem no orçamento.
Contudo, eu tenho a família perfeita - não, não é a de comercial de margarina-, mas é bem melhor que essa porque é real.

A tia Zita me deu de presente o Dia da Noiva num salão muito legal - o Visualitté - na D Pedro 1619. Então meu dia já começou muito especial, o pessoal da estética foi maravilhoso e a Tia Zi, imbatível, me acompanhou mesmo depois de seu acidente com tala no pé e tudo. Massagem, drenagem, banho de espuma, além do tradicional pé, mão, cabelo e maquiagem tudo numa salinha exclusiva com direito a lanchinho e tudo. Me preparei com antecedência pois sempre sai atrasada dos salões de beleza. Não era necessário, o pessoal foi pontualíssimo às 19 horas eu estava pronta. Eu e a tia Zi ficamos batendo papo na sala de espera do salão.

Antes foram me entregar o Bouquet para as fotos no salão - eu tinha encomendado umas rosas, por economia, pois minhas flores favoritas são as tulipas, que eram bem mais caras - quase não recebi o lindo bouquet de tulipas lilases, pensando que não eram minhas, mas quando a entregadora insistiu entendi tudo - só minha mãe pensaria numa coisa dessas. Minha mãe simplesmente não existe e isso é um dos grandes motivos por que minha família é perfeita.

O Diego, namorado da Carlinha, chegou uns 5 minutos antes do que tínhamos combinado, apesar de ter se perdido (afinal, eu passei errado o número do salão) - foi ótimo - pois não fiquei nem um pouco ansiosa com nenhum atraso. Passamos num posto, compramos pastilhas, largamos a tia Zi e fomos nos esconder no estacionamento superior de onde víamos o salão - dava para ver o quanto estava lindo. A Marta, da Novittá Eventos, fez um trabalho lindíssimo, sofisticado e sutil.

Fiquei espiando a entrada dos convidados e acompanhando sua movimentação quando vi dois violinistas - ???? - sério - desde muito pequena sempre gostei de violinos e disse que contrataria um violinista para tocar durante minha entrada em meu casamento, mas também era bastante caro, por isso nem cogitei contratá-los; mas minha mãe sim e eles estavam lá.

O Josué ficou fazendo a função de contato com o salão para eu saber quando podia entrar e tive de esperar, pois a falta de luz na casa da mãe, atrasou duas das minhas madrinhas.

A cerimônia foi rápida e simples, mas bonita - uma juíza veio fazer nosso casamento. Na saída, mais surpresas, minha prima, Carla, cantou para nós e foi lindo, muitos convidados elogiaram. Aliás faz duas semanas que ela é minha aia, me acompanha em tudo e me ajuda. Arrumou inúmeras vezes a cauda do vestido, trouxe maquiagem para o retoque e até na hora do xixi tava lá firme e forte.

Depois foi o noivo quem me surpreendeu com sua tranquilidade, lágrimas, alegria e um belo discurso de agradecimento aos convidados. Perfeito.

Na pista, a última surpresa. Quando eu era bem pequena, ia a casa do meu tio Bolson (que, na época, ainda não era meu tio, mas um dos melhores amigos de meu pai - aliás a maior herança que meu pai deixou foram seus amigos, Bolson, Tio Giba, Dalvan, Elio e outros; e, dessa forma, ele também estava presente lá) e via um vinil, daqueles pequenos com 4 faixas, com o desenho de um canguru - fato que já comentei nesse blog -, eu sempre queria ouvir e dançar. Mas a música saiu de moda e nunca a encontramos para baixar, mas minha tia Tata e meu tio Bolson, digitalizaram a tal canção e levaram para tocar - foi muito legal.

Amei tudo.

Família perfeita, num dia rigorosamente perfeito.

Muito obrigada a todos, de todo meu coração.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A propósito da falta de uma irmã

Não sei o que fazem as mulheres sem irmãs. Eu sempre tive irmãs, mesmo antes da Rafa nascer. Tá registradinho no meu livro da 1ª série (eu tinha 6 anos, a Lela nasceu quando eu tinha 8): Irmãs: Jacque e Nine - óbvio: a quem mais eu poderia morder, estapear e brincar de novo no dia seguinte, a quem mais eu poderia querer matar num dia, passar uma semana - no máximo - sem falar e daí voltar tudo ao normal? - Elas eram mesmo minhas irmãs e nunca deixaram de ser - hoje somos irmãs adultas, mas, de vez em quando, rola um bate-boca.
Depois a Rafa nasceu. Primeiro ela era meu brinquedo, uma boneca real, não era minha companheira de aventuras - então a Ica também virou mana - de final de semana e férias, mas daquelas de matar - de ódio e de amor.
Aí a Rafa cresceu e passou a ser minha amigona, maior consolo nas horas tristes - quando ela sempre faz a gente rir - e nas felizes - quando ela quase me sufoca de rir (na verdade atacar minha asma com gargalhadas é uma estratégia dela para me matar.
Entretanto, escrevi tudo isso só para dizer que a Rafa, nessa função de arrumar coisas para o meu casamento,tá me fazendo muita falta - ela hoje é minha super indispensável irmã. Apesar da Carla estar ótima de irmã substituta, a Rafinha tá me deixando morta de saudade.

domingo, 10 de abril de 2011

Diz o ditado que o mundo é redondo.

Ele é. Para o bem e para o mal.

Cada atitude tem conseqüências diretas e indiretas. Aquelas sente-se imediatamente, essas demoram a vir, mas são bem piores, pois agem cumulativamente.

Por isso, antes de tomar uma decisão pese friamente tudo que ela vai causar, se vai imputar sofrimento em alguém, principalmente em pessoas às quais você ama, verifique se o bem causado a ti é maior que o mal causado ao outro.
Pense mais do que aja e, principalmente, pense sempre sobre o que faz – leve a vida a sério, pois o que fazes “brincando” volta “a sério”.

Por fim, é importante lembrar que o sofrimento que causamos hoje, sofremos amanhã, mesmo sem vingança. Se não vem logo, pior ainda, fica estocado para vir todo junto. E quando vier não adianta reclamar e sentir-se injustiçado.

Diz o ditado: pode-se escolher o que se vai plantar, mas só se colhe o que plantou.

domingo, 3 de abril de 2011

A propósito da vida



Esse post é sobre a vida, mas eu vou falar de mortos, mais especificamente de uma morta. Minha bisavó a quem eu amava muito e, apesar de já fazerem 15 anos que ela faleceu, tenho sentido saudade.
Em função da organização do casamento convidamos alguns velhinhos para o evento e eles nos responderam que talvez não tivessem condições físicas para ir. É certo que ser velho deve ser difícil, participar de um casamento, depois de tantos, não ser mais tão divertido e etc; mas me parece que pessoas que vivem assim estão só esperando. São como aqueles dois velhinhos de "Enquanto a noite não chega" de Josué Guimarães. É triste.

Por isso lembrei da Vó veia, ela era o contrário disso. Ela não esperou a morte por mais de um dia, viveu até os 96 anos. Viveu em sua própria casa, fazendo sua própria comida e se organizando até o fim. Uma guerreira. Que adorava uma festa!! Era só chamar que não faltava roupa (sempre me lembro dela de chambre e de touca de lã) nem vontade. E ela dançava. Há fotos dela dançando uma valsa em seus 95 anos!

Eu quero ser assim. Viver até o último minuto que for dado com a glória de cada momento bom ou ruim. Quero participar, ver, estar, interagir, ver netos, bisnetos e tataranetos casarem, se formarem e tudo mais. Não entendo como uns não percebem a dádiva da vida e como está passando.

sábado, 12 de março de 2011

A propósito do cartório

Sério. Sempre acreditei que meu registro de nascimento tivesse sido feito no cartório da Venâncio (2º de Porto Alegre). Acho que meu pai, quando passávamos por ali (pois esse trajeto era bem comum para nós) enquanto eu perguntava insistentemente se tinha sido registrada ali, alguma vez me disse (com mais vontade de se livrar da "perguntação" infantil do esclarecer algo) que eu fora registrada ali.

Mal sabia ele o transtorno que iria causar.

Sexta fui dar entrada nos papéis para o casamento, julgando que solicitaria minha certidão naquele mesmo cartório, não pedi adiantadamente, minha certidão de nascimento atualizada.Chegando lá o atendente do cartório não encontrava meu registro de nascimento. Fiquei perplexa e insisti com ele dizendo que tinha certeza e ele tinha de me achar. Não achou. Liguei para casa e o Josué localizou a antiga certidão em alguma das bagunçadas pastas onde a mãe guarda tudo o que ela julga perigoso de por fora (tudo mesmo)e leu em alto e bom som: Primeiro cartório de Porto Alegre.

Fiquei boquiaberta e confusa. Meu mundo mudou. Coisas em que eu sempre acreditei podem ser mentira. Tá bom é só um cartório e tem gente que nem sabe em que cidade nasceu; mas poxa vida, meu pai me passou a perna. Ele consegue fazer isso mesmo morto. Sério. Ainda estou chocada. Mas mesmo que em choque fui ao tal primeiro cartório, lá na Comendador Coruja (faz sentido, é bem mais perto do hospital onde nasci - o Militar (embora, na certidão, sei lá por que, conste Hospital Geral)e peguei a tal certidão e pude dar entrada nos papéis para o casório ainda na sexta. Ufa!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Memórias Compartidas

Tenho uma afinidade tamanha com algumas pessoas (como já disse, tenho poucos e bons amigos) que, às vezes, penso que nossas memórias são conjuntas. Parece que aquele ser ali do meu lado sabe tudo que sei, viu tudo que vi, sei lá, parece que o outro é eu mesmo. E, na maioria das vezes, até funciona quase assim. Com meus irmãos é totalmente assim, com algumas das minhas melhores amigas é assim.

Mas eu acabo irritando outras pessoas com isso. Quando vejo algo que identifico, pergunto: lembra de tal coisa? Sendo que a pessoa não sabe desse coisa. É quase automático e instantâneo, quando vejo já saiu de novo, até com pessoas que já me avisaram que esse minha mania lhes soa petulante. Eu não quero ser esnobe, mas acho mesmo que as pessoas a minha volta sabem, pelo menos a maior parte, das coisas que sei - conhecimento se transmite.

Enfim, isso é um pedido de desculpas e uma solicitação de compreensão.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que casar em pleno século XXI?

Casar já parecia demodê no século XX então o que pode levar uma pessoas a um ato que já era fora de moda no século passado?
Há uma linha filosófica de pensamento seguida por Bauman que afirma que, nessa sociedade líquida, - que é a sociedade pós-moderna - as relações humanas são efêmeras e descartáveis, a economia da solidariedade entre amigos ou em relações amorosas quase inexiste. Hoje somos o centro de nós mesmos. Nosso sustento, nosso cuidado, sexo e até amor dependem de pagamento pecuniário. Logo, tudo está à venda. E assim deve sê-lo para que todos tenham acesso igualitário (caso tenham o mesmo poder aquisitivo) a esses "bens".

Qualquer psicólogo moderno desaconselharia um casamento sem igualdade sócio-educativa e financeira. Temos de afastar de nós qualquer possibilidade de doação. Ainda assim, se encontramos alguém "a nossa altura" temos de nos manter lá a todo custo, esse "pareamento" não pode acabar nunca. De preferência devemos manter o mesmo salário e gostos muito semelhantes ao longo da vida.

O que resta a nós pobres mulheres românticas que ainda, mesmo que eventualmente, pensam em casar, ter filhos, ter uma carreira, estudar e ainda pensamos em correr o risco de depender do outro? Seria isso algum tipo de insanidade passível de banimento?

Ainda é possível se deixar sob a tutela de um terceiro com a mesma intranqüilidade que a legamos a nós mesmos? Ainda é possível perceber que não podemos ou não queremos cuidar de todos os aspectos de nossa vida sozinhos e necessitamos de ajuda (de preferência de confiança e não contratada)?

Pior ainda, na vida de casal moderno, como definir quem cuida do quê? Já passou o tempo em que o problema eram dividir as tarefas domésticas, hoje os problemas são mais complexos e provavelmente as soluções também o sejam (se é que elas existem).

Além disso, temos uma cerimônia que consuma socialmente tudo isso. Bauman a defende com muita propriedade e afirma que a união consumada de forma social é mais estável do ponto de vista dos dois envolvidos e também do meio social que os cercam. Mas são poucas as mulheres, mesmo que românticas, que querem organizar detalhadamente uma festa e custeá-la com quase um ano de trabalho. Dói no bolso e consome tempo - bem precioso. Ainda assim o número de casamentos tradicionais crescem e o nível de "felicidade" - se é que isso pode ser medido em índices como mostram essas pseudo-psico-revistas - aumentou.

Há alguma garantia para nós, valentes cavaleiros do novo século, que não temos nada pré-definido para nossas vidas e temos que inventá-las do zero, seja só ou acompanhado? Os padrões de casamento, já se foram a muito. Os de emprego também, e agora? A nossa vida social é bem diversa da de nossos pais e a liberdade é força plena mesmo em relacionamentos bem tradicionais. Por fim, o que é um casamento no século XXI? Alguém defina, ou não, pois se alguém definisse, outro alguém desdefiniria minutos depois... Chega.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nei Lisboa

Sou uma ignorante confessa. Cada vez que me deparo com algo bom e desconhecido quase arranco os cabelos de desespero pois sempre falta tempo, falta dinheiro, falta cultura!! Por esses tristes motivos não me deparei com Nei Lisboa antes de ganhar dois ingresso para seu show aqui na capital.
Meio às pressas peguei os ingressos e a Rafa quis saber já a caminho do teatro: o que esse cara canta? (Sim, meus irmãos vão comigo a qualquer lugar, mesmo depois da peça em alemão...) Tentei lembrar e disse: não lembro, mas é legal. Resultado: não conhecíamos nenhuma música, mas era um show de músicos como há muito não ouvia.
O espetáculo balançava os sentidos: um cenário bem composto, um belo jogo de luz, bom humor, boa canção e músicos (desses de verdade que quase já não se vê). O cotidiano posto em canção, o refrão inusitado, sempre com uma palavra nova na métrica, a afinação da voz (perfeita), um baixista completamente apaixonado pelo instrumento - só faltaram beijos no palco -, um baterista entusiasmado, um pianista e um guitarrista com solos espetáculares. MARAVILHOSO espetáculo, como podia não saber mais sobre essa música tão Porto alegrense, tão nossa??
Rever o Renascença com essa montagem foi impressionante, surpreender e arrasador: Quanta ignorância ainda há nesse mundo! E em mim!!