Não existe liberdade total bem como não existe completa segurança.
Por isso, cada atitude que tomamos deve ser balanceada entre o risco e o benefício. Eu gostaria de tomar chimarrão na minha calçada para ver o movimento e cumprimentar os vizinhos (como faz o pessoal do interior) e andar pela rua sempre que tivesse vontade, mas depois das 10, não ando para lugar nenhum.
Como calcular o risco certo?
Não temos como saber o que pode dar errado: é como estar parado numa sinaleira às 3 da manhã.
Passando o sinal, tu pode levar uma multa, encontrar um outro carro em alta velocidade ou pode não acontecer nada e tu ainda chega mais rápido em casa.
Parando, tu pode ser assaltado, sequestrado ou simplesmente chegar em casa tranquilo sabendo que cumpria a lei e era precavido.
Que grau de risco é possível assumir para manter a vida interessante?
Como não ser paralizado pelo medo?
Um comentário:
Há um preço a pagar pelo privilégio de “viver em comunidade” — e ele é pequeno e até invisível só enquanto a comunidade for um sonho. O preço é pago em forma de liberdade, também chamada “autonomia”, “direito à auto-afirmação” e “à identidade”. Qualquer que seja a escolha, ganha-se alguma coisa e perde-se outra. Não ter comunidade significa não ter proteção; alcançar a comunidade, se isto ocorrer, poderá em breve significar perder a liberdade. A segurança e a liberdade são dois valores igualmente preciosos e desejados que podem ser bem ou mal equilibrados, mas nunca inteiramente ajustados e sem atrito. De qualquer modo, nenhuma receita foi inventada até hoje para esse ajuste. O problema é que a receita a partir da qual as “comunidades realmente existentes” foram feitas torna a contradição entre segurança e liberdade mais visível e mais difícil de consertar. (Bauman)
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