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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Uma pessoa para os momentos mais difíceis


A maioria das pessoas não tem a sorte que eu tenho, já escrevi isso nesse blog a propósito de muitas coisas, mas um dos bons motivos para acreditar nisso é o de ter a quem recorrer em última instância. Em última instância, por que ela não tem nenhum dever para comigo e não há maneira que eu possa pagá-la, então tento não recorrer, mas diante da aridez de nosso tempo nem sempre é fácil.
Nosso sistema de saúde é falho e mesmo que tu estejas disposto a pagar para obter o atendimento necessário, nem sempre ele está disponível, apto ou disposto, seja para coisas muito simples ou tão complexas que tu as arraste há anos e que não poderiam ser explicadas em uma única consulta.
Nessas horas é que a procuro. A troco de nada, ela já me atendeu por telefone, dentro do carro ou no corredor. Com sua voz firme e orientação resoluta, ela salva o dia, a semana e muito provavelmente a vida. Quando todas as portas se fecham ou as orientações criam mais dúvidas do que a situação, recorro a ela.
Diferente da maioria dos seus colegas,não se apega a escassez de tempo ou a necessidade de retribuição pecuniária. Explica tudo de forma direta, poupando o ser confuso e frágil que ali se apresenta da terminologia específica e dos eufemismos comuns à prática clínica.
Apesar da aparência reservada; humana, doce, gentil e principalmente sensível naqueles momentos em que mais precisamos de empatia e quando, ao buscar ajuda nos lugares convencionais, só sentimos constrangimento, como se estivéssemos ali por vontade, manha ou intensão de fugir do trabalho.
Uma profissional do tipo que não se encontra, pois está encarnada em um tipo de pessoa em falta, o tipo que ainda se comove com a dor do outro. Ou seja, um farol num universo de penumbra, indiferença e arrogância. Alguém que se acredita no mesmo nível (de dignidade humana) de seu interlocutor e através de seus olhos fala de ternura e com isso conforta e cura em um nível que nenhuma medicação chega.
Nunca tive a oportunidade de retribuir como deveria e muito possivelmente nunca tenha, por isso gostaria de, ao menos, demonstrar meu agradecimento:
Marion, MUITO OBRIGADA! Pelos muitos anos de cuidado, carinho e atenção dedicados a mim, a minha família e a comunidade em geral. Tu és uma excelente profissional, pessoa e cidadã, alguém que nos faz acreditar na humanidade (das pessoas e até dos profissionais de saúde).