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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que casar em pleno século XXI?

Casar já parecia demodê no século XX então o que pode levar uma pessoas a um ato que já era fora de moda no século passado?
Há uma linha filosófica de pensamento seguida por Bauman que afirma que, nessa sociedade líquida, - que é a sociedade pós-moderna - as relações humanas são efêmeras e descartáveis, a economia da solidariedade entre amigos ou em relações amorosas quase inexiste. Hoje somos o centro de nós mesmos. Nosso sustento, nosso cuidado, sexo e até amor dependem de pagamento pecuniário. Logo, tudo está à venda. E assim deve sê-lo para que todos tenham acesso igualitário (caso tenham o mesmo poder aquisitivo) a esses "bens".

Qualquer psicólogo moderno desaconselharia um casamento sem igualdade sócio-educativa e financeira. Temos de afastar de nós qualquer possibilidade de doação. Ainda assim, se encontramos alguém "a nossa altura" temos de nos manter lá a todo custo, esse "pareamento" não pode acabar nunca. De preferência devemos manter o mesmo salário e gostos muito semelhantes ao longo da vida.

O que resta a nós pobres mulheres românticas que ainda, mesmo que eventualmente, pensam em casar, ter filhos, ter uma carreira, estudar e ainda pensamos em correr o risco de depender do outro? Seria isso algum tipo de insanidade passível de banimento?

Ainda é possível se deixar sob a tutela de um terceiro com a mesma intranqüilidade que a legamos a nós mesmos? Ainda é possível perceber que não podemos ou não queremos cuidar de todos os aspectos de nossa vida sozinhos e necessitamos de ajuda (de preferência de confiança e não contratada)?

Pior ainda, na vida de casal moderno, como definir quem cuida do quê? Já passou o tempo em que o problema eram dividir as tarefas domésticas, hoje os problemas são mais complexos e provavelmente as soluções também o sejam (se é que elas existem).

Além disso, temos uma cerimônia que consuma socialmente tudo isso. Bauman a defende com muita propriedade e afirma que a união consumada de forma social é mais estável do ponto de vista dos dois envolvidos e também do meio social que os cercam. Mas são poucas as mulheres, mesmo que românticas, que querem organizar detalhadamente uma festa e custeá-la com quase um ano de trabalho. Dói no bolso e consome tempo - bem precioso. Ainda assim o número de casamentos tradicionais crescem e o nível de "felicidade" - se é que isso pode ser medido em índices como mostram essas pseudo-psico-revistas - aumentou.

Há alguma garantia para nós, valentes cavaleiros do novo século, que não temos nada pré-definido para nossas vidas e temos que inventá-las do zero, seja só ou acompanhado? Os padrões de casamento, já se foram a muito. Os de emprego também, e agora? A nossa vida social é bem diversa da de nossos pais e a liberdade é força plena mesmo em relacionamentos bem tradicionais. Por fim, o que é um casamento no século XXI? Alguém defina, ou não, pois se alguém definisse, outro alguém desdefiniria minutos depois... Chega.

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