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domingo, 30 de maio de 2010

A propósito do aniversário da minha vó


Minha avó é um pequeno símbolo (e um símbolo pequeno) de como o politicamente correto não dá certo, pois ela é totalmente avessa a ele: ela dispara o que vem a mente para depois colocar as duas mãos sobre a boca, arregalar seus grandes olhos azuis e rir pela maldade proferida.
Ela poupa elogios - só os diz quando eles são verdadeiros e evidentes - e atira críticas como a metralhadora do Rambo; mas ela não é ranzinza como eu. Ela fala tudo de uma vez para quem tem de escutar e não resmunga mais nada sobre isso.
No alto de seus recém-completos 75 anos faz mais que muita moça de 20. Acorda às 6:30 e arruma, lava, passa e limpa até não aguentar mais esperar o vô levantar para tomar café. Lá pelas 9, ela o chama.
Comida ela não faz ou finge que não faz. Depois de 30 anos em sala de aula afirma (e quer que acreditem) que não sabe nada de história. Não sai muito. Acha tudo muito chato. Todavia, não pára de fazer amigos.
Hoje (06/04) quando disse que ia visitá-la, ela respondeu: alegria e água fria é o que teremos! E explicou que não estava esperando ninguém. Quando cheguei, tinham mais de 20 pessoas empilhadas em todas as peças do apartamento. Parentes, filhos, netos, sobrinhos, amigos antigos e novos todos foram prestigiá-la (e telefone não parou de tocar).
Disso só posso concluir que as pessoas não gostam do polido ou do politicamente correto, mas do autêntico e sincero, como é a minha vó.

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