A humanidade passou milênios aprendendo a lidar com a escassez. Nossa mente está modelada para isso, nosso corpo, nosso paladar que aprova com avidez os sabores doces e comidas fritas.
E agora? Como vamos lidar com a super abundância? Nas cidades brasileiras, há uma abundância de comida, há comida à vontade por preços bem acessíveis. Principalmente comidas de baixa qualidade nutricional e alto teor calórico. Quando saímos do país ficamos chocados com o alto preço que pagamos por pequenas porções. Não há rodízio, nem buffet nos lugares que conheci. Na maioria, os pratos são individuais e me deixavam apenas satisfeita.
Aqui é diferente, acho que dos sete pecados capitais, o mais praticado aqui é a gula (acho mesmo!). E como lidar com nossa gula vendo tantos pratos lindos?
Não adianta cumprir uma dieta rígida, de repente nos deparamos com uma situação em que não há como escapar: um rodízio de pizza, uma ilha de massas, um buffet de sushi, festa de aniversário, um café na casa da vó...
Diante de tudo isso, uma amiga (Michelle) formulou uma máxima: não é por que pegou, colocou no prato, comprou, pagou caro que vai comer. Ela sempre diz: "Não engorda pelo que não vale a pena". Se provou, e não era bom, deixa no prato, não come.
Para mim, é difícil, fui ensinada pela lógica da escassez, ensinada a não deixar nada no prato, que colocar comida fora é pecado com tanta gente passando fome no mundo. Contudo, eu me convenci, é bem mais fácil e barato colocar no lixo um pouco de comida (afinal se não se gosto, pego pouquinho para não desperdiçar) do que colocar na boca e passar meses malhando para eliminar aquele momento de constrangimento.
Ainda é pouco para resistir a tanta oferta, mas é um começo.
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