Às vezes penso que sou tão egoísta e autocentrada que seguiria em frente apesar das dores e das perdas.
Depois percebo que é só a alma se recuperando de uma dor tão grande que parece um grande abismo do qual nem é possível ver o fundo.
Por fim, noto que seguimos em frente, pois não temos opção mesmo. Doentes, doendo, arrastando correntes, infinitamente tristes, atormentados por pesadelos e com o coração apertadinho temos que continuar a viver.
Já vivi bastante, o bastante para ver que a ferida que temos quando perdemos alguém parece não ter fim. É um abismo do qual não vemos o fundo. Já vivi bastante também para saber que em seguida chove e faz sol e a terra vai se movendo, dali um tempo vemos um fundo no precipício e daqui a pouco temos um vale florido cheio de lembranças perfumadas onde antes só tinha um vazio.
Infelizmente saber de tudo isso não consola nosso coração. Cada perda dói e dá ainda mais medo de que outras venham.
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