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domingo, 16 de dezembro de 2012

Mania de irmã mais velha II

Quando reli meu post, mania de irmã mais velha, percebi que faço isso não só com meus irmãos; mas, o que é ainda mais grave e pior, vou adotando irmãos mais novos pela vida (mesmo que eles sejam mais velhos). Sei que já escrevi que irmãos são irmãos e nada mais é irmão como um irmão; mas muitas relações de nossas vidas são de irmandade (Naquele post http://apropositodeportoalegre.blogspot.com.br/2012/07/amigos-e-irmaos.html não falei dos irmãos e irmãs mais velhos que não tive e adotei, tipo o Mano (que chamo assim para sempre), a Tuca, a Nine e a Jacque - também não falei da irmã mais nova que adotei com relutância quando ainda não tinha os meus, minha primica de tantas histórias... tantas que fiz um post só para ela http://apropositodeportoalegre.blogspot.com.br/2008/08/propsito-de-uma-saudade-dessas-que-os.html ). Mas, depois da família, veio a vida.

Na faculdade, a Candida era minha irmã mais nova que dava choque de realidade. A primeira pessoa que me disse que a Rafa e o Jô não eram crianças - nunca mais vou esquecer aquele dia no Agronomia lotado. Que me ensinou o Carpe Diem e mostrou um jeito light só os irmãos mais novos podem ver a vida. Depois a Ju, que tinha crises de perfeccionismo e eu a atropelava: me dá aqui! Chega, isso tá bom e eu vou entregar assim mesmo! (Ao que ela respondia com muitos protestos que não me demoviam de torturá-la entregando trabalhos que ela ainda queria terminar). Por fim, já no mestrado, a Sandrinha, que foi a pessoa mais guerreira que eu já conheci de perto, mas ainda assim eu a achava frágil e queria proteger a todo pano de qualquer crítica do mundo.

Na Caixa, o Márcio (o nome também ajudou a fazê-lo irmão, pois tem nome do mano) foi irmão mais novo alguns meses e nos "criamos bancários" mais ou menos juntos. O primeiro efetivamente mais novo foi o Rafa. Mas esse era fatídico, além de se chamar Rafa (e Rosa) tem o mesmo jeito do Josu: aquela mania de ser argumentativo, de entender o que pensei e não disse, de ler meus olhos falantes. Inevitável, e ainda foi aprender comigo. Passou a ser maninho com direito a intromissões das mais graves e tudo. Do tipo: uma hora e tanto de almoço ouvindo em detalhes minha dissertação de mestrado (tortura grave! mas ele perguntou!), ou pior: não vai para área meio (ao que ele podia responder: que tu tem a ver com isso, sua doida, tu nem trabalha mais junto comigo!?), ou ainda: me decepcionei contigo, achei que tu era um homem de outro tipo (ao que ele podia responder: tu é só minha colega de trabalho, pirou de vez!?). Minha sorte é que o Rafa tem dois irmãos mais novos e a minha mania de irmão mais velho, então ele entende o que eu digo e principalmente o que eu não digo.

Depois veio a Tinga e uma das experiências mais incríveis que tive (espero muito ainda ter outras semelhantes, embora saiba que igual não haverá), o Murilo foi minha tábua de salvação ao chegar num mundo que não era meu. Teve a paciência de ensinar a chefe para ser chutado para fora de lá por ela em poucos meses. Não pensem que ser meu irmão é coisa boa ou fácil. Eu sei que desrespeito as pessoas, faço caretas e as obrigo a fazer o que eu acho certo, mas quando vi o Murilo praticando muito de liderança mesmo que sem se dar conta e escondidinho lá num cantinho, tive de empurrá-lo para uns processos de seleção a fim que ele entendesse seu lugar naquilo tudo. Talvez eu nunca mais tenha oportunidade de trabalhar com uma pessoa tão meiga e que, talvez por ter um irmão mais velho muito próximo, tenha entendido tão bem meu atropelo.
Depois vieram a Mi e o Ezequiel, que passam dizendo: tu parece o mano e tu parece minha irmã, respectivamente. Os dois também vem de famílias de três irmãos e tem dois irmãos mais velhos a se intrometer em casa e mesmo assim tiveram a paciência de me aturar no trabalho, de rir das minhas caretas e de, como todos os meus irmãos, ouvir meus olhos dizendo: não é assim!, tinha de fazer isso!, vai dar errado! - sem nenhuma delicadeza e sem medir as palavras (mas, a final, olhos não usam palavras!).
Por fim, as super power-full girls: Bonni, Bruna e Júlia. A Bonni com aquela vitalidade incontida que contagia mesmo depois de cuidar do bebê doente e de atender sozinha cem pessoas em dia. Com uma larga experiência de vida que minha vida não me trouxe e ainda assim com humildade de me ouvir a me intrometer na sua vida pessoal: vai estudar, criatura! vai isso, vai aquilo. Com uma habilidade espantosa de fazer falar sem parar de toda vida. A Bruna com a minha loucura de querer saber saber de tudo, estudar tudo e arrastar o irmão ele queira o não, que nem eu faço com os meus. a Júlia com aquela inocência que em nada se confunde com ignorância, mas que dá um medo de que alguém não compreenda ali adiante.

Do que concluo que tenho de aprender a fazer amigos. E parar de adotar todos os irmãos que encontro e achar que todos eles vão aguentar meu jeito impositivo de lidar com a vida deles.

Talvez possa até fazer dos meus irmãos amigos.

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