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domingo, 1 de julho de 2012

A propósito do amor

Frequentemente acordo apaixonada.

Milhares de especialistas escrevem sobre o amor e o casamento. Dessas teorizações saem uma dúzia de conselhos para acertar o parceiro ideal.

Eu acho isso de uma inutilidade total. Nada disso funciona sem amor.

Tenho mania de ler. Leio tudo que passa na minha frente e, certas vezes, alguns livros e revistas sobre relacionamento cairam em minhas mãos. Quando vi aquela prescrição: os opostos se atraem, mas só os iguais vivem juntos por toda vida, pensei: tô frita.

Meu marido é muito diferente de mim, isso é tão patente que desde que pusemos os olhos um no outro, sem ao menos proferir uma palavra, vimos que éramos incompatíveis segundo todos os manuais. Mas também, desse primeiro olhar de identificação, nasceu o amor.

É só isso que sustenta o nosso relacionamento: muito amor. Falamos línguas diferentes, sempre que tentamos "teorizar" sobre a relação só surge confusão, mas basta olhar nos olhos e a nuvem de dúvidas se desfaz. Não sei o que é, mas é tão concreto que chega a ser palpável, parece que temos uma ponte.

Ele gosta do isolamento, do ruído do rádio e da tv, de música barulhenta, de beber cerveja e jogar quieto. Eu gosto do silêncio depois de um dia de trabalho, de um livro para ler num canto, de um filme para ver junto. Somos opostos, mas de tal forma atraídos que não nos separamos. Estamos juntos há 14 anos e brigamos muito (afinal não nos entendemos), mas não nos distanciamos por um dia sequer e cada vez nos amamos mais e com o tempo a tolerância cresceu e fazemos muitas coisas por amor ao outro e até aprendemos a gostar de algumas coisas do outro. Só o amor gera compreensão.

Do que concluo que os manuais só podem estar redondamente equivocados. Ou, talvez, eles sejam escritos para um mundo onde o amor não existe, onde só podemos conviver com os iguais. Um mundo dominado pela intolerância.

Então quero fugir dos manuais e viver meu amor complicado, difícil e tolerante. Quero aprender outra língua, outra cultura, outra religião sem deixar as minhas. Quero ser casal sem deixar de ser eu mesma - coisa que parece de outro mundo, mas que eu gostaria que fosse só o "normal".

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