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sábado, 9 de agosto de 2008

A propósito de um corpo

Ao chegar na esquina de casa me deparei com uma cena inusitada: um aparato policial cercava um senhor deitado no chão. A princípio, acreditei que fosse um novo atropelamento, coisa que não raro acontece nesse problemático cruzamento cheio de atropelamentos e acidentes. Contudo o homem estava deitado sob a guarda da parada de ônibus, pensei então que fosse mais um dos muitos mendigos que se abrigam sob esse parco teto; não era. Sendo assim deveria ser vítima de um dos tiroteios que eventualmente ocorrem, embora sejam comuns à noite e não a essa hora do dia quando o movimento na rua é imenso; também não era. Era um homem comum que estava esperando o ônibus quando o coração decidiu parar. Parou e ele morreu ali mesmo sem tempo de ser levado às pressas ao hospital. Morreu. E chamaram a polícia!? Vão abrir um inquérito para tentar condenar o coração que assassinou o corpo que o abrigava!? Para que toda parafernália da Brigada? Duas viaturas e nenhuma ambulância... Nem mesmo um médico! Isolaram a parada e desviaram o trânsito, mas ninguém lembrou de acender uma vela para iluminar aquela alma. Esses são os tempos modernos...

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